AEB revisa previsão e aponta “superávit negativo” de US$ 8,064 bilhões para a balança em 2015

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Da Redação (*)

Brasília – A corrente de comércio brasileira deverá encolher 17,5% em 2015 comparativamente com o ano passado e a expectativa da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB) é de que este  ano soma das exportações e importações totalize apenas US$ 374,598 bilhões, contra um montante de US$ 454,151 bilhões contabilizados em 2014. Em relação ao recorde de US$ 482,286 bilhões registrado em 2011, o valor de 2015 representa expressiva redução de US$ 107,688 bilhões. Devido a uma maior contração nas importações comparativamente às exportações, a balança comercial poderá fechar o ano com um superavit de US$ 8,064 bilhões,  classificado pela AEB como “superavit negativo”, comparativamente ao deficit de US$ 3,959 bilhões gerados em 2014. Este ano será a o quinto de queda consecutiva das exportações, dando sequência a um ciclo iniciado em 2011.

Esses números fazem parte Revisão da Balança Comercial de 2015 elaborada pela AEB e divulgada hoje (17) no Rio de Janeiro. De acordo com o documento, as exportações  brasileiras devem atingir este ano a cifra de US$ 191,331 bilhões, com uma queda de 15,0% em relação aos US$ 225,101 bilhões exportados em 2014. No tocante às importações, a estimativa da AEB sinaliza compras externas no total de US$ 183,267 bilhões, com uma queda de 20,0% em relação aos US$ 229,060 bilhões importados no ano passado.

Segundo o  presidente da AEB, José Augusto de Castro, “o superavit de US$ 8,064 bilhões projetado para a balança comercial este ano, apurado em uma única revisão anual, é quase idêntico ao valor de US$ 8,140 bilhões previsto em 17 de dezembro de 2014 pela AEB. Apesar da semelhança, os dados atuais mostram forte desaceleração dos fatores da corrente de comércio, com as exportações de US$ 191,331 bilhões projetando queda de 15% em relação a 2014 e as importações de US$ 183,267 bilhões  sinalizando redução de 20%”.

Em termos de corrente de comércio, os números projetados pela AEB revelam um preocupante retrocesso a  números registrados no comércio exterior brasileiro em 2008, em plena crise que atingiu os mercados de todo o mundo.

Conforme destaca  o documento divulgado pela AEB, o valor da corrente de comércio, fator que estimula a atividade econômica, projeta US$ 374,598 bilhões para 2015 e redução de 17,5% em relação aos US$ 454,161 bilhões de 2014, sendo inferior aos US$ 383,683 bilhões de 2010 e próximo aos US$ 370,927 bilhões de 2008. Em relação ao recorde de Us$ 482,266 bilhões de 2011, o valor de 2015 representa expressiva redução de US$ 107,688 bilhões.

Na opinião de José Augusto de Castro, “o superavit de US$ 8,064 bilhões projetado para 2015 é considerado ‘superávit negativo’, pois decorre da queda da importação maior que da exportação e não gerado pela elevação das exportações. O ano de 2015 será o quinto consecutivo de queda das exportações, que passaram de US$ 256,039 bilhões em 2011 para os projetados US$ 191,331 bilhões em 2015”.

O estudo elaborado pela AEB mostra ainda que os três principais produtos da pauta de exportação brasileira –soja em grão, minério de ferro e petróleo, que juntos representam 24,5% das exportações totais deste ano- sofrerão queda em suas cotações, que serão parcialmente compensadas pela elevação das quantidades exportadas de soja em grão (+6,3%), minério de ferro (+3,8%) e petróleo em bruto (+55,5%).

Após o minério de ferro ocupar, de 2005 a 2014, a posição de principal produto de exportação do Brasil, este ano a soja em grão reassumirá o posto que ocupou  em 2003 e 2004. Até a primeira dezena do mês de julho foram embarcadas 35 milhões de soja em grão, representando 72% das 48,5milhões de toneladas programadas para 2015, cujos embarques devem se encerrar em agosto, antes da safra americana entrar no mercado, em setembro.

Um dado positivo na estimativa  divulgada pela AEB: o índice de participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação será elevado de 35,6% em 2014 para 38,1% em 2015, mesmo com seu valor nominal sendo reduzido de US$ 80,211bilhões em 2014 para US$ 72,900 bilhões em 2015, resultado da forte queda nominal das exportações de commodities (básicos) de US$ 109,556 bilhões em 2014 para US$ 86,368 bilhões em 2015, e respectiva diminuição de índice de 487% para 45,1%.

José Augusto de Castro destaca ainda que “com a desvalorização cambial do real, as exportações de manufaturados serão parcialmente beneficiadas, especialmente aquelas destinadas aos Estados Unidos. Isto se deve ao fato de os países da América do Sul, tradicionais e principais importadores de manufaturados do Brasil, estarem reduzindo suas importações devido à queda das cotações de suas commodities de exportação, além de impactos advindos de acordos comerciais firmados e da maior agressividade comercial de nossos concorrentes”.

Essa sequência de números e indicadores negativos embute em si outro dado inquietante: com exportações  em  forte baixa, registra-se queda igualmente expressiva na participação do brasil no total das exportações mundiais.

Segundo o presidente da AEB, “o crescimento de 2,5% previsto pela OMC para o comércio mundial em 2015 e a queda de 15% prevista nas exportações brasileiras reduzirão para apenas 1% nossa participação nas exportações mundiais e queda da atual 25ª para a 26ª posição no ranking dos países exportadores. Após atingir 1,41% de participação em 2015, o índice de 1% projetado para 2015 vai situar-se entre os níveis de 0,96% em 2003 e 1,04% em 2014”.

(*) Com informações da AEB

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