Produto nacional deixa de ser competitivo

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Câmbio deixa artigo brasileiro caro e pouco atrativo.

Ao mesmo tempo em que dá  impulso à importação de produtos chineses, a valorização da moeda brasileira dificulta a exportação de mercadorias nacionais para o país asiático. O real forte torna os produtos mais caros e reduz seu apelo no competitivo mercado chinês.
 
Li Yong Hong, da trading Yafela, acaba de engavetar um projeto de exportação de alimentos e café solúvel do Brasil para a China, que ficou inviável por causa do câmbio. Além do alto preço, Li afirma que falta um trabalho de marketing para divulgação da marca Brasil e se queixa que os exportadores querem trabalhar com altas margens de lucro.
 
“Os exportadores precisam abandonar a concepção antiga sobre margem de lucro e ser agressivos para ganhar mercado na China, o que exige um sacrifício inicial”, diz.
 
Vantagem
 
Em setores nos quais o Brasil tem uma óbvia vantagem competitiva, as exportações podem ser afetadas por outros fatores. Renato Castro, da Baumann, diz que enfrenta dificuldades para encontrar fornecedores brasileiros de madeira certificada para fabricantes de móveis na China.
 
Castro afirma que procura há três meses um fornecedor para seus clientes chineses, sem sucesso. Ou a madeira não é certificada ou o fabricante não entrega o produto nas especificações exigidas pelo potencial comprador. “Já entrei em contato com mais de 20 fornecedores e não consegui fechar negócio.”
 
Segundo Castro, o cliente chinês quer comprar dois contêineres de 40 pés para testar a madeira, o que dá um valor aproximado de US$ 150 mil. A madeira certificada é essencial para os fabricantes de móveis que exportam para a Europa, onde os compradores exigem a comprovação de que a matéria-prima não é fruto do desmatamento.
 
Frederico Clementi, da Globalize, acredita que vai conseguir exportar alimentos do Brasil para a China, ainda que o preço não seja tão competitivo. Mas ressalta que, para a operação ser viável, o dólar não pode estar abaixo de R$ 1,80.

Fonte: O Estado de São Paulo (7/12/2009)

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