Abiec projeta queda de 7% nas exportações de carne bovina e receita de US$ 5,5 bilhões

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São Paulo – As exportações brasileiras de carne bovina somaram pouco mais de US$ 5 bilhões de janeiro a novembro, um recuo de 6% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram embarcadas 1,3 milhão de toneladas, um aumento de 1,7% na mesma comparação. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (12) pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), em São Paulo.

Segundo o presidente da entidade, Antonio Jorge Camardelli, as vendas externas deverão chegar a US$ 5,5 bilhões até o final do ano, o que irá representar uma queda de 7% sobre 2015. A Abiec esperava que o faturamento chegasse a US$ 6 bilhões em 2016. O volume embarcado deverá ser basicamente o mesmo registrado no ano passado, ou seja, 1,4 milhão de toneladas.

“Desvios cambiais em alguns dos principais compradores tiveram um impacto muito grande [nas exportações brasileiras]”, afirmou Camardelli, em entrevista coletiva. “O preço (cotação) do dólar [no Brasil] também [teve impacto]”, acrescentou.

De acordo com a Abiec, esse impacto foi sentido principalmente em mercados como Rússia, Venezuela, Irã e Egito. O setor deixou de faturar US$ 670 milhões nestes mercados este ano.

No caso do Egito, as vendas – que chegam a ultrapassar 20 mil toneladas mensais – caíram bruscamente em outubro (6,5 mil toneladas) e novembro (3,4 mil toneladas), o que coincidiu com o período de forte desvalorização da libra egípcia, desde que o banco central local decidiu deixar o câmbio flutuar livremente. O país sofre com a falta de moeda estrangeira e a medida foi tomada para aumentar a entrada de divisas.

O comportamento das exportações dependerá da reação da economia egípcia. “Se eles resolverem o problema da moeda, teremos que ter um programa [de exportação] para o Ramadã”, disse Camardelli, referindo-se ao mês do calendário muçulmano em que os fiéis jejuam do nascer ao pôr do sol, mas reúnem-se para refeições coletivas à noite. Em 2017, o Ramadã começa no final de maio. É comum o acumulo de estoques para este período nos países árabes. “Não dá para desconsiderar as especificidades de cada país”, observou o executivo.

Outra razão para a frustração das expectativas foi o desempenho dos embarques à Arábia Saudita. Depois de três anos de embargo, o país voltou a comprar carne brasileira em 2016. Em maio, os embarques foram superiores a 4 mil toneladas, em linha com o volume tradicionalmente exportado para lá, mas a partir de junho o total começou a cair e, em novembro, ficou em 1,88 mil toneladas.

Para Camardelli, isso é resultado do longo tempo em que o produto brasileiro ficou fora do mercado saudita. “É o preço que se paga por ficar fora, é melhor vender um produto diferente e ficar do que sair totalmente”, declarou. A carne brasileira acabou sendo substituída principalmente pela indiana no período do embargo. “O consumidor se acostuma com outro produto”, destacou o presidente da Abiec. Ele ressaltou que em 2017 os exportadores terão que realizar ações para voltar a crescer na Arábia Saudita.

Projeções

O aumento do preço do petróleo ocorrido recentemente – e que pode continuar – é um dos fatores que fazem com que a Abiec tenha “grande expectativa” de crescimento no mercado árabe no ano que vem. A commodity teve forte valorização no mercado internacional desde que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) sacramentou, em 30 de outubro, a decisão de cortar a produção em 1,2 milhão de barris diários a partir de janeiro.

Outro fator que pode influenciar positivamente as vendas externas brasileiras de forma geral é abertura do mercado dos Estados Unidos para a carne in natura, ocorrida em 2016. “Os EUA são um grande facilitador da abertura de outros mercados”, disse Camardelli.

Nesse sentido, ele afirmou que países para onde o Brasil não vende, como Japão, Coreia do Sul, Taiwan, México e Canadá, podem representar um acréscimo de US$ 1 bilhão às exportações anuais, o equivalente a 180 mil toneladas.

A Abiec espera ainda um aumento na oferta de gado no Brasil em 2017, o que irá ampliar o volume de carne disponível para exportação. Isso porque o alto preço do milho em 2016 fez com que muitos pecuaristas atrasassem o período de confinamento para engorda dos animais, o que poderá ocorrer agora.

Para 2017, a Abiec avalia que as exportações poderão chegar a 1,5 milhão de toneladas e a US$ 6 bilhões, números que, se confirmados, vão representar aumento de 11% em volume e de 9% em faturamento em comparação com 2016.

 

(*) Com informações da ANBA

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