“Acordo Mercosul-UE impulsionará produção e exportação das florestas plantadas e nativas”, afirma CEO da WoodFlow

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Da Redação

Brasília – “ O Brasil é conhecido mundialmente como uma superpotência na produção de alimentos e de ativos florestais. Um acordo (do Mercosul) com a União Europeia trará um  desenvolvimento significativo na produção de alimentos de forma sustentável que, consequentemente, ajudará também na produção de florestas plantadas e mais opções de comercialização de florestas nativas, como o crédito de carbono por exemplo”. A afirmação foi feita por Gustavo Milazzo, CEO da WoodFlow, um projeto da GCM Trade, empresa que atua com a exportação de madeira desde 2005, em entrevista exclusiva por email  ao Comexdobrasil.com.

Gustavo Milazzo, CEO da WoodFlow. Crédito: Divulgação/WoodFlow

Segundo Gustavo Milazzo, “já temos várias práticas de sustentabilidade no setor madeireiro e um acordo desses, sem dúvida, irá reforçar todo esse esforço que está sendo feito, além de abrir um diálogo para um entendimento sobre a conexão entre objetivos econômicos e de sustentabilidade ambiental no âmbito do acordo”.

O CEO da WoodFlow considera o setor madeireiro, alvo de críticas não só por parte de representantes da Comissão Europeia (o órgão Executivo da União Europeia) como principalmente por parte do Parlamento Europeu,  “plenamente apto” a cumprir os compromissos assumidos pelo governo brasileiro ao negociar o referido acordo”: “o setor madeireiro nunca esteve tão preparado para se engajar no desenvolvimento do setor. Os controles de origem da madeira nativa ou plantadas estão em vigor se aperfeiçoando cada vez mais. A busca por aumento de produtividade na área plantada ou nativa com novas tecnologias também está evoluindo e diante de um acordo dessa magnitude teremos mais segurança para que os investimentos continuem acontecendo”.

Acomodação após anos de bonança

De acordo com o executivo, o setor vem implementando alguns ajustes após os resultados obtidos nos anos de 2020 e 2021, considerados “extremamente atípicos para o setor como um todo”. A pandemia criou uma demanda de madeira que as fábricas no Brasil, e no mundo, não estavam prontas para atender, justificou.

Com isso, reforça o especialista,  “o ano (2021) foi um dos melhores da história em termos de demanda e preços. Evidentemente essa alta fora do comum acabou por criar um mercado extremamente caro em todos os aspectos: logístico, matérias-primas, serviços, e toda a cadeia sofreu com uma inflação de preços devido à falta de praticamente tudo. Agora, em 2022, esse mercado começou a se ajustar. A demanda caiu, estoques foram supridos e, com inflação ainda alta no mundo todo, a reação do mercado é segurar novas compras até que toda a cadeia volte a um nível normal de oferta e demanda. Esse período de ajuste deve se estender até metade de 2023”.

Apesar de sublinhar a queda nas vendas externas após dois anos de desempenho bastante acima da curva, Gustavo Milazzo ressalta que “apesar de terminarmos 2022 colem baixa de preços e de demanda, acredito que o período 2021 e 2022 ainda tenha sido extremamente positivo para o setor. Em 2023, devemos começar devagar, ainda com o mercado se ajustando e compradores com muita cautela. Volumes e preços devem retornar muito próximos aos níveis pré-pandemia”.

Mesmo em um cenário indicando ligeira retração, o CEO da WoodFlow não deixa de destacar aspectos positivos contabilizados pelo setor nos últimos anos: “acredito que o setor florestal, principalmente de florestas plantadas, foi fortalecido durante esse período de alta. Muitos investimentos foram feitos em máquinas, processos e práticas que elevaram a qualidade de nosso material. Temos novos mercados para trabalhar e nos posicionarmos de forma mais relevante no mercado internacional”.

O setor madeireiro e os governos de Lula e Bolsonaro

Questionado sobre a percepção do setor às vésperas do início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Milazzo afirmou que “o setor madeireiro nunca recebeu muitos incentivos, independente do governo no Brasil. O foco do madeireiro, que vive na floresta, foi sempre de preservar e valorizar a floresta, plantada ou nativa. Se compararmos os incentivos dados às culturas da soja e do milho, por exemplo, aos incentivos dados à floresta, é fácil perceber que o setor florestal sempre se virou sozinho, sem suporte de um governo específico”

Crédito: Divulgação/WoodFlow

Em sua análise, Gustavo Milazzo reconhece que “o presidente Lula sempre teve um diálogo mais amistoso com governos de todo o mundo”. Ainda assim, prossegue, “a política sempre foi voltada mais para buscar investimentos de outras nações com o objetivo de manter uma imagem de preservação, mas que na prática não traz nenhum desenvolvimento real para o setor”.

Pensando no futuro, o executivo afirma que “a expectativa seria que criássemos um projeto real de desenvolvimento onde pudéssemos qualificar nosso povo e nossa produção florestal com estradas e portos cada vez mais eficientes. Podemos preservar grandes áreas de florestas mas precisamos que o mesmo mundo que nos cobra tudo isso invista na qualificação do nosso povo, infraestrutura e de nossas indústrias. Valorizar a floresta de maneira sustentável é o caminho para preservar”.

Ao avaliar a situação do setor durante os quatro anos de governo do presidente Jair Bolsonaro, o CEO da WoodFlow lembrou que “o governo Bolsonaro sempre teve muita dificuldade com a comunicação. Tanto interna quanto externamente. Sem dúvida, a falta de diplomacia alimentou vários ataques mundo afora e prejudicou a imagem do Brasil com relação à Amazônia”.

Crédito: Divulgação/WoodFlow

Apesar disso, Gustavo Milazzo reconhece que “no setor florestal, onde temos pessoas e empresas que dependem da floresta, tivemos um aumento significativo nas práticas de manejo sustentável, no controle de compra de matéria-prima, tanto de espécies nativas como plantadas e, apesar de ainda termos números elevados, o desmatamento em 2022 caiu mais de 11%”.

A percepção positiva do especialista é reforçada com o argumento de que “o governo Bolsonaro retomou várias obras estruturais que ajudaram a logística brasileira e consequentemente nos tornamos mais eficientes e competitivos em várias frentes. Importante destacar também que o setor de florestas plantadas ganhou muita relevância no mercado mundial durante esse período. Novas fábrica iniciaram as operações e outras investiram em máquinas, produção e controle de qualidade e sustentabilidade, levando o produto brasileiro a vários mercados”, concluiu.

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