AEB faz previsão pessimista para a balança comercial e prevê saldo de apenas US$ 14,6 bilhões

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Da Redação

A balança comercial brasileira deverá fechar o ano de 2013 com um superávit de apenas US$ 14,62 bilhões, inferior em aproximadamente cerca de 38,2% aos US$ 19,4 bilhões registrados em 2012. A previsão foi feita pelo presidente da Associação dos Exportdores do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, após a divulgação pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) dos dados da balança comercial de 2012.

Segundo o presidente da AEB, em 2013, as exportações irão alcançar US$239,69 bilhões, representando ligeira redução de 1,1%. Já as importações deverão atingir US$225,07 bilhões, o que significa estabilidade (0,4%).
De acordo com José Augusto de Castro, “em 2013 persistirá o quadro de incerteza e volatilidade no comércio exterior, influenciado principalmente pela crise européia, mercado de destino de 20% das exportações brasileiras e que concentra 37% do comércio mundial. Em 2012, esse quadro já influenciou negativamente as principais commodities exportadas, mais no aspecto preço do que na quantidade, sendo dos males o menor para o Brasil”.

No próximo ano, tal cenário pode ser acentuado, com mais quedas no quantum, devido ao elevado e crescente desemprego na Europa. Quedas de cotação estão previstas para ocorrer em açúcar, café e etanol. Os preços e o quantum do complexo soja vão estar em alta, compensando quedas de cotação e/ou de volume de outros produtos.

Ao falar sobre as perspectivas da balança comercial brasileira em 2013, o presidente da AEB afirmou que “a crise européia pode afetar não só as vendas diretas para aquele mercado, mas também indiretamente, pois é a região de destino de cerca de 30% das exportações chineses, que, se reduzidas, podem levar à diminuição das compras de chinesas de insumos brasileiros”.

A balança comercial brasileira sera afetada também pelo ritmo de avanço da economia da China, que tornou-se em 2012 pela primeira vez na história o principal exportador e importador de produtos brasileiros em todo o mundo.

Segundo José Augusto de Castro, “o crescimento econômico da China também foi considerado nestas projeções, prevendose que se mantenha ao redor de 7,5%. Crescimento abaixo deste nível pode afetar as cotações das commodities em geral, e acima pode provocar sua recuperação”.

Os Estados Unidos, cuja economia está se recuperando lentamente, absorveram em 2012 11,1% das exportações brasileiras e são concorrentes do Brasil em muitos produtos. A não concretização do “abismo fiscal”, descartada com o acordo feito pelo governo do presidente Barack Obama no Congresso americano certamente contribuirá para uma maior recuperação da principal economia do planeta em 2013, mas é pouco provável que seja registrada uma expansão significativa no comércio bilateral com os Estados Unidos na presente temporada.

José Augusto de Castro também se mostra pessimista ao fazer prognósticos sobre o intercâmbio comercial com a Argentina, o terceiro principal país de destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Em sua opinião,
“o comércio com a Argentina continuará a regredir, pois segue dependente de decisões que observam lógica política própria, não respeitando os compromissos assumidos no âmbito do Mercosul”.

Assim, alterações no desenrolar da crise européia, no crescimento chinês e no cenário ainda incerto nos Estados Unidos mesmo depois de afastado o fantasma do “abismo fiscal” poderão afetar a balança comercial de 2013. E, por isto mesmo, a AEB aposta que o saldo comercial brasileiro chegará ao final de 2013 abaixo dos US$ 15 bilhões.

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