BC aposta em alta do superávit comercial; analistas projetam queda com guerra comercial

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Da Redação

Brasília – Apesar do acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, com o anúncio, semana passada, de medidas protecionistas recíprocas decretadas por Washington e Pequim, analistas financeiros consultados pelo Banco Central seguiram na contramão dos movimentos internacionais e elevaram para US$ 58,34 bilhões a previsão de saldo para a balança comercial brasileira em 2018. Até a semana passada a expectativa desses especialistas era de um superávit de US$ 57,15 bilhões.

Semana passada, em novo ataque à China, o presidente Donald Trump anunciou nova sobretaxa de 25% sobre importações procedentes da  China, no valor de US$ 50 bilhões, incidentes principalmente sobre produtos de tecnologia. A lista contém 818 itens, entre outros aeronaves, reatores nucleares, máquinas de lavar, balanças, máquinas agrícolas, impressoras, receptores de rádio, radares, motores de automóveis, painéis de LED, câmeras de televisão e navios.

Para justificar a medida protecionista, Trump acusou a China de roubo de propriedade intelectual, através de acordos com empresas de tecnologia americanas que exigem a transferência de conhecimento para estatais chinesas. As sobretaxas entrarão em vigor no próximo dia 6 de julho.

A resposta chinesa foi rápida e  veio seis horas após o anúncio feito pelo governo americano e com a mesma taxa de 25% sobre um total de 659 produtos americanos. A medida foi anunciada com a acusação de os Estados Unidos estarem adotando um “comportamento míope” ao sobretaxar as exportações chinesas.

Ao  contrário da avaliação feita pelos economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) e incluídas no Boletim Focus divulgado hoje pela instituição, especialistas em comércio exterior se anteciparam e revelaram sua expectativa de que a guerra entre as duas maiores potências comerciais do planeta terá fortes reflexos nos preços das commodities, carro-chefe das exportações e  grandes responsáveis pelos expressivos saldos comerciais obtidos pelo Brasil nos últimos anos.

De acordo com analistas do setor, ainda que as vendas externas de soja e carne suina brasileira possam ser beneficiadas, uma vez que a  China passa a taxar em 25% esses produtos americanos, os efeitos gerados pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China certamente serão projetados sobre o comércio mundial como um todo, atingindo em especial países emergentes como o Brasil.

Na opinião do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o contencioso sino-americano terá impacto sobre o crescimento mundial e, consequentemente, reduzirá a demanda pelas commodities.

O presidente da AEB já anunciou que em julho deverá rever para baixo a estimativa feita ao final do ano passado para o comércio exterior brasileiro. Em dezembro ele previa exportações no total de US$ 219 bilhões e importações no valor de US$ 168 bilhões, o que proporcionaria ao pais um superavit da ordem de US$ 50,4 bilhões. Esses números serão revistos e a queda na previsão do saldo comercial é inevitável.

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