Bloqueio dos EUA contra PDVSA terá efeitos devastadores no comércio entre Brasil e Venezuela

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Da Redação

Brasília – A decisão anunciada pelos Estados Unidos de implementar um bloqueio de US$ 7 bilhões em ativos da estatal petrolífera venezuelana PDVSA e estabelecer que quaisquer pagamentos por petróleo pela companhia venezuelana nos Estados Unidos devem ir para uma conta bancária inacessível ao presidente Nicolás Maduro deverá ter efeitos devastadores sobre o já combalido intercâmbio comercial entre o Brasil e a Venezuela, que viveu o apogeu em 2012  e registrou quedas abissais nos últimos seis anos até atingir o mais baixo patamar em 2018.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, no ano passado, as exportações brasileiras para o país vizinho totalizaram US$ 577 milhões, com uma alta de 22,84% comparativamente com 2017. Na outra ponta do intercâmbio bilateral, as vendas venezuelanas para o Brasil desabaram 56,38% para cerca de US$ 171 milhões.

Com esses números, o comércio entre os dois países chegou ao ponto mais distante do volume récorde registrado em 2012, quando o Brasil exportou bens no valor de US$ 5,056 bilhões e importou um total de US$ 997 milhões em produtos venezuelanos.

Para 2019 e especialmente em relação ao ano de 2020, as estimativas para o fluxo de comércio entre os dois países são as mais pessimistas. De acordo com declarações do secretário de Segurança Nacional americano, John Bolton, no próximo ano, as sanções impostas pelo governo americano devem custar à Venezuela US$ 11 bilhões em perdas com as exportações, que há anos registram consistente e preocupante trajetória de queda. Em 2012, por exemplo, o país exportou  bens no total de US$ 66 bilhões e depois de caírem para US$ 9,2 bilhões devem somar pouco mais de US$ 7,8 bilhõe em 2019.

Os dados do Ministério da Economia sobre o intercâmbio com a Venezuela em 2018  apontam o país como o 51º. país de destino das exportações brasileiras e o 62º. no ranking das importações nacionais.

No ano passado, as exportações brasileiras de produtos básicos para a Venezuela tiveram uma forte alta de 116,2% para US$ 243 milhões e as vendas de semimanufaturados cresceram 66,8%, gerando receita no valor de US$ 135 mil. Em contrapartida, as exportações de produtos industrializados, de maior valor agregado, caíram 28,0% e somaram US$ 199 milhões.

Com uma participação de 30% no volume global exportado para a Venezuela, o arroz em grão foi o principal item embarcado, graças a uma forte alta de 949,5% comparativamente com o ano de 2018 e totalizaram US$ 171 milhões. Outros itens importantes nas exportações para o país vizinho foram açúcar de cana (US$ 122 milhões), soja em grão (US$ 48 milhões), demais produtos manufaturados (US$ 44 milhões) e tereftalato de polietileno (US$ 21 milhões).

Do lado venezuelano, os principais produtos embarcados para o Brasil foram álcoois acíclicos (US$ 71 milhões),  energia elétrica (US$ 43 milhões), naftas (US$ 27 milhões), coque de petróleo (US$ 7 milhões) e ureia (US$ 7 milhões).

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