Boletim do BC ignora coronavírus e projeta superávit de US$ 35 bilhões para balança comercial em 2020

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Da Redação (*)

Brasília – Apesar do avanço da pandemia do coronavírus e dos profundos abalos provocados nas economias e no comércio exterior de todo o mundo, o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira  (6) pelo Banco Central (BC) vai na contramão das projeções feitas por especialistas em comércio exterior e projeta um superávit de US$ 35 bilhões para a balança comercial brasileira em 2020.

Há quatro semanas, a estimativa era de um saldo de US$ 36,4 bilhões. O boletim Focus é uma publicação elaborada todas as semanas pelo BC, com a projeção para os principais indicadores econômicos.

Para os anos de 2021 e 2022, os analistas consultados pelo Banco Central seguem com estimativas otimistas. A estimativa é de  que no próximo ano a balança comercial registre um superávit de US$ 34 bilhões e de que feche o ano de 2022 com um saldo de US$ 30 bilhões.

Em dezembro do ano passado, quando o mundo ainda não tinha informações precisas e confiáveis sobre o crescimento exponencial dos casos de coronavírus na China, a Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), divulgou sua previsão para a balança comercial brasileira em 2020, indicando um saldo de US$ 26,130 bilhões, bem abaixo, portanto, dos US$ 35 bilhões divulgados hoje pelos analistas consultados pelo BC.

De acordo com a estimativa lançada pela AEB, e que deverá ser alvo de uma revisão pela Associação em junho ou julho próximos, o saldo mencionado resultaria de exportações no total de US$ 217,341 bilhões (queda de 3,2% em relação ao mantante de US$ 224,447 bilhões à época previstos para 2019) e importações no valor de US$ 191,211 bilhões (alta de 6,6% em relação aos US$ 179,248 bilhões estimados para 2019 pela AEB. Números que não se confirmam com os dados da balança comercial do primeiro trimestre deste ano, divulgados na semana passada pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

O mercado financeiro estima queda ainda maior da economia este ano, por influência da pandemia do coronavírus. A previsão de recuo do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – agora é de 1,18%. Essa foi a oitava redução consecutiva.

Dólar

Já a cotação do dólar deve fechar o ano em R$ 4,50, a mesma previsão da semana passada. Para 2021, a expectativa é que a moeda americana fique em R$ 4,40, contra R$ 4,30 da semana passada.

Inflação                           

As instituições financeiras consultadas pelo BC também reduziram a previsão de inflação de 2020. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu, pela quarta vez seguida, ao passar de 2,94% para 2,72%.

Para 2021, a estimativa de inflação também foi reduzida, de 3,57% para 3,50%. A previsão para os anos seguintes – 2022 e 2023 – não teve alterações e permanece em 3,50%.

A projeção para 2020 está abaixo do centro da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2021, a meta é 3,75% e para 2022, 3,50%, também com intervalo de 1,5 ponto percentual em cada ano.

Selic

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, estabelecida atualmente em 3,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Para o mercado financeiro, a expectativa é que a Selic tenha mais uma redução e encerre 2020 em 3,25% ao ano. Na semana passada a previsão para o fim de 2020 era 3,50% ao ano.

Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Para o fim de 2021, a expectativa é que a taxa básica chegue a 4,75% ao ano. A previsão anterior era de 5% ao ano. Para o fim de 2022, as instituições mantiveram a previsão em 6% ao ano e, para o final de 2023, a estimativa passou de 6,25% ao ano para 6% ao ano.

(*) Com informações da Agência Brasil

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