Brasil e Argentina promovem reunião para discutir temas comerciais bilaterais e do Mercosul

0

Da Redação

Brasília – Autoridades do Brasil e da Argentina se reúnem nesta segunda-feira (25), em Brasília, para uma ampla discussão de temas econômico-comerciais da agenda bilateral e do Mercosul, com ênfase especial na queda do fluxo de comércio entre os dois países. Os temas serão tratados na reunião da Comissão de Comércio Bilateral Brasil-Argentina, que será chefiada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, e pelo ministro da Produção da Argentina, Francisco Cabrera.

Entre os temas bilaterais, destacam-se: integração produtiva, promoção de investimentos, acompanhamento da corrente de comércio e acordo sobre o setor automotivo. Entre os temas do Mercosul devem figurar a agenda de relacionamento externo, o fortalecimento econômico-comercial do bloco e os protocolos sobre compras governamentais e sobre cooperação e facilitação de investimentos.

Também deverá ser abordada a troca de ofertas entre o Mercosul e a União Europeia, programada para a segunda semana de maio, com o objetivo de avançar com as negociações visando a assinatura de um acordo de livre comércio entre os dois blocos.

Outro tema relevante a ser debatido na Comissão de Comércio Bilateral Brasil-Argentina diz respeito à renovação do acordo automotivo com o país vizinho. O atual acordo, baseado em um sistema de cotas, expira em junho. Nas últimas reuniões em que  o tema foi tratado, o Brasil defendeu a suspensão dos tributos para o setor, mas o governo do presidente Maurício Macri –assim como sua antecessora Cristina Kirtchner- apresentou restrições.

Segundo o secretário de Comércio Extrior do MDIC, Daniel Godinho, “o Brasil deseja chegar a um acordo que tenha uma visão de livre comércio, de futuro. Para que isso aconteça, precisamos tratar de temas fundamentais, ligados à integração produtiva, o que nós concordamos. Estamos olhando para a mesma direção”.

Raciocínio semelhante é defendido pelo presidente a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luis Moan, para quem “o setor automotivo brasileiro concorda com um acordo de longo prazo com os argentinos, desde que preveja o livre comércio”.

A situação atual do comércio entre os dois países será um dos principais assuntos da reunião em Brasília. Depois de atingir o ápice em 2011, quando as trocas bilaterais alcançaram o recorde histórico de US$ 39,6 bilhões (com exportações brasileiras de US$ 22,7 bilhões e vendas argentinas no montante de US$ 16,906 bilhões), o fluxo de comércio bilateral iniciou trajetória de queda e em 2015 as exportações brasileiras totalizaram US$ 12,8 bilhões, enquanto as vendas argentinas somaram US$ 10,2 bilhões.

A curva descendente teve continuidade no primeiro trimestre deste ano, apesar de as exportações brasileiras terem reduzido o ritmo de queda (-0,37% comparativamente com idêntico período de 2015), enquanto as exportações argentinas, no montante de US$ 1,948 bilhão, desabaram 27,93%.

De acordo com o Itamaraty, “a manutenção e o estreitamento das relações com a Argentina são de fundamental importância para a estratégia brasileira de promover o fortalecimento econômico e político da América do Sul, visando ao estabelecimento da região como um dos polos de um sistema mundial multipolar”.

Para a chancelaria brasileira, “a crescente integração econômica bilateral tem fortalecido a economia e a indústria dos dois países. O capital brasileiro está presente em diversos setores da economia argentina, como o minerador, siderúrgico, petrolífero, bancário, automotivo, têxtil, calçadista, de máquinas agrícolas e de construção civil. A presença de capitais argentinos no Brasil também é digna de nota”.

O Itamaraty destaca ainda que “entre 2003 e 2015, a corrente de comércio bilateral elevou-se de US$ 9,24 bilhões para US$ 23,09 bilhões, um crescimento de 150%. No período, as exportações brasileiras para a Argentina cresceram de US$ 4,56 bilhões para US$ 12,8 bilhões, incremento de 181%. Em 2015, a Argentina ocupou o terceiro lugar no destino das exportações brasileiras”.

Deixe uma resposta