Brasil e China aprofundam cooperação bilateral com investimentos em projetos de alta tecnologia

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São Paulo – Cientistas brasileiros e chineses estão colaborando estreitamente em vários projetos -que abrangem desde os campos de arroz no Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, até os satélites que monitoram a floresta amazônica- o que demonstra que os dois países iniciaram uma nova fase de cooperação mais profunda, apontaram especialistas.

Desde 2003, o Instituto de Arroz do Rio Grande do Sul (IRGA), principal estado produtor do grão no Brasil, trabalha com especialistas do Instituto de Pesquisa de Arroz de Hunan.

O objetivo é desenvolver um tipo de variedade de arroz híbrido que os consumidores chineses usam para cozinhar, o que pode ser “um grande negócio” para o futuro, disse Ivo Mello, pesquisador do IRGA.

“Nosso tipo de arroz é diferente do que os consumidores chineses preferem… É por isso que queremos desenvolver um arroz híbrido no Brasil, para que possamos fornecer esse grão à China”, explicou.

“Os negócios do futuro estão realmente na China”, disse Mello.

Em dezembro de 2019, o satélite de recursos terrestres China-Brasil (CBERS-4A), desenvolvido conjuntamente, foi enviado à órbita a partir de uma base em Taiyuan, capital da Província de Shanxi, no norte da China, promovendo a cooperação aeroespacial entre os dois países.

O CBERS-4A, o sexto satélite de um programa de cooperação conjunta, foi projetado para melhorar a capacidade do governo brasileiro de monitorar a floresta amazônica e as mudanças ambientais.

Desde 1982, quando o Brasil e a China assinaram um acordo de cooperação científica e tecnológica, os dois países têm assinado vários acordos bilaterais, particularmente nas áreas de ciência, tecnologia e inovação, disse Luís Paulino, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade de São Paulo.

Depois de quase quatro décadas de cooperação na área, os laços entre a China e o Brasil, e até o resto da América Latina, alcançaram “uma nova fase de profunda integração”, baseados no investimento estrangeiro direto e na cooperação científica e tecnológica, apontou Paulino.

Paulino também elogiou a Iniciativa do Cinturão e Rota proposta pela China, que visa o desenvolvimento de infraestruturas e a aceleração da integração econômica dos países ao longo e além das vias da antiga Rota da Seda.

“Este novo modelo de cooperação é interessante para os dois lados”, disse Paulino, uma vez que oferece a países regionais como o Brasil acesso a tecnologias e técnicas mais avançadas “para impulsionar a produção e criação de empregos locais e a demanda por insumos locais”, afirmou.

“Os investimentos chineses, especialmente nas áreas de infraestrutura e logística, são fundamentais para melhorar a competitividade das empresas locais e a produtividade da economia”, acrescentou Paulino.

Observando que o Brasil e a China são países em desenvolvimento com interesses e aspirações comuns, além de complementaridade, o pesquisador disse que todos os países da região, independentemente de sua orientação política e ideológica, demonstraram grande interesse em fortalecer seus laços de cooperação com a China.

(*) Com informações da Xinhua

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