Brasil poderá ter em 2015 primeiro deficit no comércio com os países dos BRICS desde 2008

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Da Redação

Brasília – As exportações brasileiras para os países dos BRICS (Rússia, India, China e África do Sul) em 2014 registraram uma queda de 6,50% para US$ 50,460 bilhões, enquanto as importações realizadas junto a esses países tiveram uma ligeira alta de 1,26% e somaram US$ 47,648 bilhões. Com isso, o intercâmbio com o bloco proporcionou ao Brasil um superávit de US$ 2,811 bilhões, cifra significativamente inferior ao saldo de US$ 6,910 bilhões apurado em 2013.

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Se a tendência persistir, o Brasil poderá ter em 2015 o primeiro saldo negativo com os países dos BRICS desde 2008, quando o comércio bilateral foi desfavorável ao País em US$ 3,682 bilhões. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Um dado chama a atenção na balança comercial do Brasil com os demais integrantes dos BRICS: apenas três commodities –soja, minério de ferro e petróleo- foram responsáveis por 68,43% de um total de US$ 50,460 bilhões exportados pelo Brasil para o bloco.

No total, o grupo dos produtos básicos foi responsável por exportações no total de US$ 40,359 bilhões enquanto as vendas de produtos industrializados atingiu a cifra de US$ 10.052 bilhões.

Após alcançarr a cifra recorde de US$ 10,684 blhões em 2011, o saldo brasileiro no intercâmbio com os BRICS iniciou trajetória descendente. Em 2012 o saldo ficou em US$ 8,777 bilhões, foi reduzido para US$  6,910 bilhões em 2013 e caiu para US$ 2,811 bilhões no ano passado.

Um sinal claro de reforço dessa tendência de queda acentuada no superávit com o bloco pode ser vista nos números dos últimos quatro meses de 2014. O último saldo positivo obtido pelo Brasil no comércio com os BRICS no ano passado aconteceu no mês de  agosto, quando as exportações brasileiras superaram as importações no montante de US$ 779 milhões.

Nos meses seguintes, acumularam-se deficits sucessivos: US$ 375 milhões (setembro), US$ 1,304 bilhão (outubro), US$ 1,469 bilhão (novembro) e US$ 410 milhões (dezembro).

Com a queda nos preços internacionais das commodities (sobretudo soja, minério de ferro e petróleo), líderes na pauta exportadora para a China, o principal mercado para os produtos brasileiros nos BRICS, a tendência é de que pela primeira vez, desde 2008, a balança comercial com os países do bloco seja desfavorável ao Brasil. Naquele ano, o saldo negativo atingiu a cifra de US$ 3,682 bilhões.

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Concentração em commodities

Os números do MDIC mostram uma crescente e inquietante concentração das exportações brasileiras em commodities, produtos que enfrentaram em 2014 as maiores baixas em suas cotações no mercado internacional nos últimos anos.

O principal item da pauta foi a soja, com exportações no total de US$ 16,919 bilhões. Apesar do aumento de quase um milhão de toneladas exportadas comparativamente com 2013, a receita gerada foi inferior  (-1,33%) aos US$ 17,146 bilhões auferidos com as vendas do produto há dois anos.

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Pior ainda foram os números referentes às exportações do minério de ferro, segundo principal produto exportado para os BRICS. Em 2014, os preços da commoditie desabaram no mercado inernacional e apesar do volume exportado ter passado de  165,7 milhões de toneladas em 2013 para 177 milhões em 2014, foi registrada uma retração de 22,16% na receita , que caiu de US$ 15,227 bilhões em 2013 para US$ 11,853 bilhões no ano passado.

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Com relação ao petróleo, terceiro produto da pauta exportadora para os BRICS, a receita final acabou não refletindo a forte queda nos preços internacionais do produto, mais acentuada sobretudo nos últimos meses de 2014. Assim, as exportações renderam US$ 5.808 bilhões em 2014, um aumento de 3,32% sobre o total de US$ 5,621 bilhões registrados no ano anterior.

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Na outra ponta do intercâmbio bilateral, todos os principais produtos exportados pelos BRICS (em sua maioria bens de maior valor agregado) tiveram altas em 2014, algumas delas bastante significativas.

As exportações de óleo diesel cresceram 8,86% para US$ 3,737 bilhões e foram superadas, em termos percentuais, por um forte aumento de 45,26% para US$ 1,462 bilhões nas vendas de outas partes para aparelhos de telefonia/telegrafia. Também subiram as exportações de terminais portáteis de telefonia celular (+41,66% para 1,397 bilhão), de outros cloretos de potássio (+15,34% para US$ 512 milhões) e de tela para microcomputadores portáteis (+1,99% para  US$ 418 milhões).

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