Comercio Brasil-Argentina acumula números negativos e país perde posto de terceiro maior parceiro do Brasil

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Da Redação

Brasília – À medida em que a crise econômica que atinge a Argentina se torna cada vez mais aguda, novas e más notícias são registradas no fluxo de comércio entre o país portenho e o Brasil. Uma dessas notícias veio com a divulgação dos dados da balança comercial brasileira entre os meses de janeiro e setembro. Pela primeira vez em décadas a Argentina perdeu a posição de terceiro principal parceiro comercial do Brasil em todo mundo.

No tocante às exportações brasileiras, os argentinos foram suplantados pelos Países Baixos e em relação às importações, o terceiro principal fornecedor de bens ao Brasil passou a ser a Alemanha.

Nos nove primeiros meses do ano, a balança comercial com a Argentina acumula uma série de números negativos. As exportações brasileiras tiveram uma forte contração de 38,96% e somaram pouco mais de US$ 7,480 bilhões. Foram registradas severas retrações em todas as categorias por valor agregado e em especial nos produtos manufaturados, que despencaram 39,4% no período.

Vistos individualmente, todos os cinco principais produtos embarcados para o país vizinho tiveram quedas significativas, com destaque especial para os veículos de carga, que despencaram 69,5% para US$ 307 milhões.

Do lado argentino a queda foi bem mais suave (-4,83%) e as vendas para o Brasil somaram US$ 7,815 bilhões. Com isto, de janeiro a setembro a balança comercial proporcionou aos argentinos um superávit de US$ 333 milhões. A seguir essa tendência, pela primeira vez em mais de uma década a Argentina voltará a fechar o ano com um resultado positivo nas trocas comerciais com o Brasil.

Para se ter uma ideia mais concreta do tamanho da queda no volume de negócios entre os dois países, em 2018, o Brasil exportou para a Argentina um total de US$ 14,913 bilhões e importou bens no total de US$ 11,051 bilhões, o que gerou para o Brasil um superávit de US$ 3,862 bilhões. Com esses números, a Argentina foi o destino final de 6,23% das exportações globais do Brasil e respondeu por  6,1% de todos os bens importados pelas empresas brasileiras no período. Este ano, até setembro, os percentuais  de participação das vendas de um país ao outro caíram para 4,47% (exportações brasileiras) e 5,85% (vendas argentinas).

A indústria automobilística brasileira é o setor mais afetado pela crise argentina. De janeiro a julho, as exportações de veículos encolheram 51,8% para US$ 1,07 bilhão. Também houve retração, ainda que em percentuais bem menos significativos, nos embarques de partes e peças para automóveis e tratores (queda de 28,9% para US$ 595 milhões), demais produtos manufaturados (redução de  23,8% para US$ 397 milhões), de veículos de carga (decréscimo de 69,5% e receita de US$ 307 milhões) e também de minérios de ferro (redução de 21,9% para US$ 236 milhões.

Na avaliação da analista de Comércio Exterior da Thomson Reuters, Ângela Maria dos Santos, existem dois pontos relevantes que precisam ser citados para justificar a queda brusca das exportações brasileiras para a Argentina: “o primeiro é a crise que se arrasta no país vizinho e que vem contribuindo, desde 2018, para a queda na compra de produtos brasileiros. O segundo ponto é a dependência do Brasil no setor automotivo, ou seja, 70% dos automóveis produzidos no Brasil são comprados pela vizinha Argentina”.

A especialista ressalta que “desde o início do novo governo brasileiro as conversas em torno do acordo bilateral Brasil-Argentina para o setor automotivo vêm acontecendo. E no início de setembro, o acordo foi assinado. Porém, não foi dessa vez que ficou estabelecido o livre comércio. O sistema flex será mantido e a liberação será gradual. Esse acordo é de extrema importância e ambos os países precisam ser coerentes para que o acordo seja atrativo para as duas partes”.

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