Comércio com a Venezuela se desmancha no ar e retorna aos números registrados em 2005

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Da Redação

Brasília – O fluxo de comércio (exportações+importações) entre o Brasil e a Venezuela registra entre janeiro e agosto deste ano a mais forte queda já verificada nestes últimos anos nas trocas comerciais brasileiras com qualquer outro parceiro. No período, as exportações brasileiras despencaram 60,89% para US$ 775 milhões, comparativamente com o mesmo período de 2015, enquanto as vendas da Venezuela ao Brasil tiveram uma queda ligeiramente inferior mas ainda assim bastante expressiva de 41,5% para pouco mais de US$ 293 milhões, nesse mesmo período. Os dados  do comércio exterior com a Venezuela são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

E se os últimos números contabilizados mostram um comércio bilateral se derretendo, a tendência é de que a queda livre em que as trocas entre o Brasil e a Venezuela se encontram só tende a se acentuar. Com a dramática crise política e econômica vivida pela Venezuela e a atual suspensão e que pode desaguar na saída do país caribenho do Mercosul, a tendência é de que até o fim do ano as exportações bilaterais cheguem ao menor patamar registrado nos últimos anos, mais precisamente em 2005, quando o intercâmbio entre os dois países somou pouco mais de US$  2,479 bilhões. De janeiro a agosto de 2016, Brasil e Venezuela tiveram um comércio bilateral de apenas US$ 1,087 bilhão, com um saldo em favor do Brasil da ordem de US$ 463 milhões.

Uma rápida análise dos dados do MDIC mostra queda expressiva nas exportações brasileiras em todas as categorias de produtos. Entre os bens manufaturados,  responsáveis por 53,8% das exportações brasileiras para o país vizinho, a queda chegou a  62,9% e as vendas totalizaram US$ 417 milhões. Igualmente expressiva, de 62,6%, foi a retração nas exportações de produtos básicos, que somaram US$ 285 milhões nos oito primeiros meses deste ano. Ainda que bem menos acentuada, a retração nas exportações dos produtos seminafutaturados foi igualmente relevante: 26,1% para US$ 71 milhões.

Na outra ponta do comércio bilateral, as exportações venezuelanas tiveram quedas menos acentuadas mas nem por isso menos importantes e em especial quando se leva em conta a grave crise enfrentada pelo país vizinho e a carência de divisas em moedas fortes que a Venezuela atravessa.

Principal item na pauta exportadora venezuelana para o Brasil, os produtos manufaturados, que de janeiro a agosto foram responsáveis por 93,9% de todo o volume embarcado pela Venezuela, tiveram uma queda de 42,1% e geraram receita no total de US$ 293 milhões. Enquanto isso, as vendas de produtos básicos caíram 27,7% e somaram US$ 18 milhões.

Um fato é líquido e certo: cada vez mais os números do intercâmbio bilateral se distanciam dos anos dourados e especialmente do ano de 2012. Há quatro anos, o fuxo de comércio entre os dois países somou mais de US$ 6,053 bilhões e proporcionou ao Brasil um dos maiores superávits alcançados, naquele ano, com qualquer ouro de seus parceiros comerciais: US$  4,059 bilhões.

Com o passar dos anos, a Venezuela deixa também de ser não apenas um dos principais mercados para os produtos industrializados brasileiros (automóveis, telefones celulares, televisores, etc) e também uma das maiores fontes de superávits comerciais para o Brasil. Entre 2005 e 2015, o saldo obtido pelo Brasil no intercâmbio com a Venezuela totalizou a impressionante cifra de US$ 53,696 bilhões. Números impossíveis de se imaginar no presente e nem mesmo no mais distante dos futuros.

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