Crise cambial na Argentina contribui para queda de 11,4% nas exportações de manufaturados

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Brasília – A crise cambial que assola a Argentina desde meados do ano passado está se refletindo na balança comercial brasileira. Nos dois primeiros meses do ano, o valor das exportações para o terceiro parceiro comercial do Brasil caiu 42,5%, de US$ 2,68 bilhões no primeiro bimestre de 2018 para US$ 1,54 bilhão no mesmo período de 2019.

O recuo afeta sobretudo as exportações de produtos industrializados, cujas vendas para o mercado argentino caíram 43,7% na mesma comparação. Em janeiro e fevereiro de 2019, o Brasil exportou US$ 1,4 bilhão em bens manufaturados para o país vizinho, contra US$ 2,48 bilhões no mesmo período do ano passado.

Tradicionalmente, o Brasil exporta itens industrializados para o mercado argentino, também comprando produtos manufaturados do país vizinho. O comércio bilateral concentra-se no setor automotivo, na metalurgia e em produtos petroquímicos.

Segundo o Ministério da Economia, as vendas de automóveis de passageiros para a Argentina caíram 49,8% em janeiro e fevereiro de 2019 na comparação com o primeiro bimestre de 2018. As exportações de peças para veículos e tratores recuaram 38,7%. A maior queda porcentual, no entanto, ocorreu com os veículos de carga, cujas exportações para o mercado vizinho diminuíram 64,7%.

Crise cambial

Com baixas reservas cambiais, inflação acumulada em 12 meses na casa dos 50% e déficit elevado nas contas públicas, a Argentina enfrenta uma crise cambial desde maio do ano passado, que levou o país a recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Nos últimos dias, o peso argentino voltou a superar a barreira de US$ 41, algo que não ocorria desde setembro do ano passado.

A desvalorização da moeda local diminui a capacidade de os argentinos comprarem mercadorias brasileiras. Os bens industrializados respondem pela maior parte da queda das exportações para o país vizinho, mas todas as categorias de produtos foram afetadas pela crise econômica.

As exportações de produtos semimanufaturados para a Argentina caíram 45,8%, de US$ 86 milhões no primeiro bimestre do ano passado para US$ 39,4 milhões em janeiro e fevereiro deste ano. As vendas de produtos básicos (bens agropecuários e minerais) recuaram 6,7%, de US$ 104 milhões para US$ 96,7 milhões.

A crise fez a participação da Argentina nas exportações brasileiras despencar em 2019. Em janeiro e fevereiro deste ano, o país vizinho foi destino de 4,4% das vendas externas brasileiras, contra 7,8% no mesmo período de 2018.

Balança comercial

Segundo o diretor do Departamento de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, a queda da demanda por veículos brasileiros da Argentina, tem impactado o desempenho de manufaturados na balança comercial brasileira. Nos dois primeiros meses de 2019, as vendas de produtos industrializados para o exterior caíram 11,4% ante o mesmo período do ano passado.

“As exportações de produtos manufaturados costumam ser influenciadas por plataformas de petróleo. Só que, nos dois primeiros meses de 2019, teve uma exportação de plataforma em janeiro, enquanto no [mesmo período do] ano passado houve uma exportação em fevereiro. Então dá para fazer uma comparação justa e constatar o peso da Argentina na queda da venda de manufaturados”, explicou Brandão no início do mês, ao detalhar a balança comercial do mês passado.

(*) Com informações da Agência Brasil

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