Em apenas dois meses, deficit na balança comercial com a China já totaliza US$ 3,595 bilhões

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Da Redação

Brasília –  As exportações brasileiras para a China acumulam nos dois primeiros meses do ano uma forte queda de 42.74%, e totalizaram US$ 2,887 bilhões no acumulado janeiro/fevereiro comparativamente com o mesmo período de 2014, quando as vendas aos chineses somaram US$ 6,025 bilhões. E um dado chama a atenção: em apenas dois meses, a balança comercial com os chineses está deficitária em US$ 3,595 bilhões. Os dados foram obtidos junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Em 2014, a balança comercial com a China fechou superavitária para o Brasil no montante de US$ 3,273 bilhões, uma cifra significativamente inferior ao saldo de US$ 8,722 bilhões acumulados pelo País nas trocas com os chineses no ano de 2013.

Os números de apenas um bimestre ainda não permitem fazer uma projeção para todo o ano de 2015, mas já existe até mesmo no governo quem aposte em que este ano o Brasil dificilmente escapará de ter um saldo negativo no intercâmbio com a China, que, se vier a acontecer, será o primeiro desde o ano de 2008.

Na outra ponta do comércio bilateral, as exportações chinesas também caíram, mas a retração teve um ritmo bem mais suave: -7,31% e mesmo assim somaramUS$ 6,472 bilhões. A corrente de comércio entre os dois países totalizou US$ 9,349 bilhões no período janeiro/fevereiro.

As receitas obtidas com as exportações para a China foram duramente afetadas pela forte queda nas vendas de dois dos três principais produtos exportados para os chineses. As exportações de minério de ferro desabaram  60,92% para US$ 914 milhões, contra US$ 2,337 bilhões exportados em igual período do ano passado. Ainda mais forte foi a retração nas exportações de soja, que somaram apenas US$ 193 milhões e tiveram uma queda de  83,50% nos dois primeiros meses do ano.

No caso do minério de ferro, as receitas foram afetadas não apenas por uma queda de mais de 4 milhões de toneladas no volume total exportado como principalmente pela redução nos preços do produto praticados no mercado internacional. Em relação à soja houve queda tanto em termos de volume (afetado pela retração nos embarques que somente devem se elevar novamente com a comercialização da nova safra) quanto em relação aos preços internacionais da oleaginosa no mercado internacional.

De positivo, a balança comercial com a China registrou um aumento de 145,35% nas exportações de oleos brutos de petróleo. As vendas para os chineses totalizaram US$ 629 milhões.

Pelo lado chinês,o intercâmbio bilateral teve como grande destaque o aumento de 11,10% para US$ 421 milhões nas exportações de barcos-farois/guindastes/docas/diques flutuantes e de 21,26% para US$ 268 milhões milhões nas exportações de outras partes para aparelhos de telefonia/telegrafia e de 22,13% nas vendas ao Brasil de terminais portáteis de telefonia cellular, que geraram receita no montante de US$ 96 milhões..

O ano mal começou mas já existe quem aposte em que o Brasil terá grandes dificuldades para repetir este ano o desempenho alcançado ano passado no comércio bilateral com os chineses. Além da forte queda registrada nos preços internacionais do petroleo e do minério de ferro, a balança comercial será afetada pela redução na cotação da soja e de outros produtos do agronegócio.

Em 2014, a China terminou o ano como o principal destino internacional dos produtos do agronegócio brasileiro, com participação de 22,8% do valor total exportado pelo Brasil. Apesar da queda de US$ 816 milhões na receita em relação a 2013, causada principalmente pela redução nas exportações do complexo soja e sucroalcooleiro, as exportações para a China somaram US$ 22,1 bilhões no acumulado do ano. A China foi o maior comprador do complexo soja, com importações que ultrapassaram os US$ 17 bilhões.

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