Embrapa e Aprosoja criam Grupo de Trabalho para Debater a Soja Louca II

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Cuiabá – Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de Instituições de Pesquisa, de Universidades e engenheiros agrônomos da Aprosoja e de empresas parceiras formaram um Grupo de Trabalho para estudar e realizar ações para combater a Soja Louca II. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (08.07), em Cuiabá, após rodada de discussão sobre a anomalia.

A ideia do grupo de pesquisadores é investir em ações que deverão começar já na safra 2010/2011, como a elaboração do mapeamento da Soja Louca II que começará por Mato Grosso, mas poderá se expandir para outros estados. Além disso, serão elaborados relatórios informativos para auxiliar o produtor, envio de questionários para identificação de sintomas nas áreas de maior incidência do distúrbio, registro do histórico de ocorrência do problema e ainda estudo dos fatores relacionados ao aparecimento da anomalia.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT) irá liderar o processo de subsidiar os associados e produtores do estado com as informações que forem originadas a partir dos estudos do grupo.

A Soja Louca II ocorre quando a planta não amadurece e registra alto índice de abortamento de flores e vagens. O distúrbio na soja ainda é de causa desconhecida e já provocou prejuízos econômicos em algumas regiões produtoras de soja na última safra, principalmente na região Norte de Mato Grosso.

O gerente técnico da Aprosoja/MT, Luiz Nery Ribas, destaca que uma das sugestões feitas durante a reunião é que o Grupo de Trabalho possa evoluir para um consórcio, aos moldes do consórcio Antiferrugem, com foco na anomalia que tem causado principalmente perdas de produtividade nas lavouras de soja. “Tecnicamente ainda não há dados consistentes para fazer indicações aos produtores, mas a criação do grupo deverá auxiliar os sojicultores no melhor entendimento sobre o problema”.

“Já percebeu-se que a anomalia atingiu tanto cultivares transgênicas quanto convencionais”, afirma o pesquisador da Embrapa Soja/GO, Maurício Meier. Ele lembra que a Soja Louca já existe há vários anos e o ataque ocorre por causa do percevejo verde e por condições de clima. Já as causas da Soja Louca II ainda são desconhecidas.

De acordo com o professor de Entomologia e Agronomia da Universidade Federal da Grande Dourados (MS), Paulo Degrande, é importante lembrar que existem pelo menos 11 principais causas que podem impulsionar o aparecimento de sintomas da Soja Louca II. “Acreditamos que possam existir muitas causas para o aparecimento da deformidade e que estas causas provavelmente estão relacionadas. Hoje, por exemplo, discutimos bastante sobre a suspeita de que um tipo de ácaro habitante em abundância nos solos brasileiros pode ser um dos causadores do distúrbio na Soja Louca II”.

Para o fitopatologista José Tadashi este é um bom momento para incentivar as boas práticas agrícolas e a agricultura de precisão, a fim de identificar o que está errado e aplicar as tecnologias necessárias. “Entramos em consenso de que o ideal é investir em manejo físico e químico do solo, por exemplo. A criação dessa rede de pesquisa deverá reunir estudiosos de várias áreas e instituições com foco de minimizar, para então, encontrar soluções para a anomalia”.

A Aprosoja e a Embrapa Mato Grosso promovem outra Rodada de Discussão sobre a Soja Louca II, com produtores e técnicos, na sexta-feira (09.07), a partir das 8h, no Sindicato Rural de Sinop. “Pretendemos trazer as informações que obtivermos na reunião de Cuiabá a um público mais amplo em Sinop”, explicou o chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa Mato Grosso, Lineu Domit.

Durante a Reunião de Pesquisa de Soja, a ser realizada nos dias 10 e 11 de agosto, em Brasília, haverá também um painel entre assistência técnica e pesquisadores para debater todos os aspectos relacionados à ocorrência do problema. Nesse encontro será definida uma estratégia de ação para combater a Soja Louca II.

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