Rio de Janeiro (RJ) – Empresas dos países que estão mais integradas ao comércio internacional contratam mais e pagam melhor as mulheres, além de oferecer mais cargos de liderança. A afirmação é da secretária executiva da Câmara de Comércio Exterior, Ana Repezza, uma das palestrantes do 2º Encontro Nacional de Mulheres no Comércio Exterior (Emex). Realizado pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) em parceria com o Hub Mulheres no Comex ontem (15), o evento reuniu mais de 700 pessoas em ambiente virtual, com 92% de audiência feminina.
Segundo Repezza, existem estudos internacionais que mostram que em países em desenvolvimento com maior integração ao comércio global, a população feminina é afetada positivamente, tanto as trabalhadoras, como as consumidoras e as tomadoras de decisão do setor público ou privado.
A secretária disse que a correlação entre comércio exterior e igualdade de gênero também prevalece em momentos difíceis, e alertou que o choque causado pela guerra no Leste Europeu será maior para as mulheres, citando como exemplo setores agrícolas ucranianos com uso intensivo de mão-de-obra, que envolvem uma ampla população feminina.
Já a subsecretária de Facilitação de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Glenda Lustosa, apresentou dados do Relatório sobre os Desafios da Facilitação do Comércio para as Mulheres no Comércio Exterior, estudo do Banco Mundial feito no Brasil entre abril e agosto do ano passado.
O impacto da pandemia, com menos demanda pelos serviços, foi maior para despachantes aduaneiras mulheres (71%) do que para os homens na mesma função (64%). Entre os comerciantes que visitam regularmente os portos, aeroportos e pontos de fronteiras, todas as mulheres disseram ter enfrentado comportamento negativo por parte de funcionários desses estabelecimentos contra 72% dos homens.
Mediação
Instrumento de solução de conflitos sem a interferência do judiciário, a mediação fez parte do Emex. As Diretoras Executivas da Câmara AEB de Mediação de Conflitos (CAAEB) – especializada em comércio exterior -, explicaram que as estratégias comerciais de importadores e exportadores exigem a celeridade e a confidencialidade que a mediação oferece.

Paula Mark Sady contou que pelo advento da pandemia ocorreu um aumento considerável da quantidade de procedimentos de mediação online, o que é mais árduo para os mediadores, mas a adaptação foi necessária porque trata-se de um caminho sem volta.
“Entendemos que o virtual é uma forma de democratizar a mediação, pois se trata de um ambiente seguro, confidencial e de menor custo, no qual podemos trabalhar com processos em locais tão distantes quanto China e Emirados Árabes, por exemplo”, afirma Sady.

Roberta Portella acredita que tendência é que o instrumento físico, o contrato, seja substituído em algum momento por contratos codificados baseados em uma plataforma no ambiente tecnológico. Infinitas partes deverão colocar seus interesses e condições em uma cadeia de negócios dentro da mediação online. “A inovação tecnológica traz desafios jamais vistos para o Direito”, ressalta Portella.
(*) Com informações da AEB