Estudo da CNI mostra queda nas exportações para a África do Sul mesmo após acordo com o Mercosul

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Brasília -Quatro anos depois de sua entrada em vigor, o acordo de preferências comerciais entre o Mercosul e a União Aduaneira da África Austral (Sacu) não impulsionou o comércio entre o Brasil e a África do Sul, nosso maior parceiro comercial nesse tratado. Ao contrário, os números mostram que as exportações brasileiras para a África do Sul no universo dos produtos negociados no acordo caíram de US$ 200 milhões para US$ 100 milhões no período analisado.

A conclusão é de levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os dados revelam ainda que quase 90% das exportações do Brasil para a África do Sul estão fora desse tratado. Além disso, quando se considera o total de produtos abrangidos pelo acordo, 51% deles simplesmente não são vendidos pela indústria brasileira para a África do Sul.

No caso da importação, os valores mantiveram-se estáveis no período analisado. A parcela de compras realizadas dentro do tratado permaneceu em US$ 100 milhões por ano desde 2016. Além disso, também na importação, 85% do valor dos bens comprados da África do Sul está fora do acordo. Ao todo, 74% dos produtos do acordo simplesmente não são importados pelo Brasil da África do Sul.

O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, explica que o tratado prevê a ampliação de sua cobertura após três anos de sua entrada em vigor, o que já pode ser feito agora. A indústria brasileira defende não apenas a ampliação da cobertura tanto no que diz respeito a produtos quanto a suas regras. Um caminho pode ser a negociação de um acordo de livre comércio entre os dois blocos.

Da parte do Mercosul, o acordo abrange 1.052 produtos e, da SACU, 1.064. No entanto, no caso das exportações do Brasil para a África do Sul, por exemplo, só 470 desses produtos têm tarifa de importação zerada. No caso dos demais, eles possuem margem de preferência nas exportações, que é um desconto na tarifa que varia de 10% a 50%.

“O acordo não ajudou a estimular o comércio entre o Brasil e a África do Sul, que são duas grandes nações emergentes e fazem parte do BRICS. Desde 2019, ele pode ser revisto. Entendemos que, sobretudo agora com a crise econômica desencadeada pela pandemia de Covid-19, o momento é de renegociarmos esses compromissos e ampliarmos o nosso comércio exterior com os países da União Aduaneira da África Austral”, afirma o diretor.

A África do Sul, poderia, por exemplo, ampliar as vendas de vinhos para o Brasil. O Brasil poderia exportar mais produtos elétricos e químicos, entre outros, para esse parceiro comercial.
A ampliação do acordo entre o Mercosul e a União Aduaneira da África Central é uma das prioridades da Agenda Internacional da Indústria 2020, lançada pela CNI.

(*) Com informações da CNI

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