EUA, Colômbia, Chile, Emirados Árabes, Alemanha e Angola, mercados-alvo do calçado brasileiro no próximo biênio

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Novo Hamburgo (RS) – Exportadores brasileiros de calçados, que tiveram um incremento histórico nos embarques em 2022 (142 milhões de pares e US$ 1,3 bilhão em divisas, melhor resultado em 12 anos), escolheram seus mercados-alvo para o próximo biênio.

Os targets são escolhidos a cada renovação de convênio da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) com a Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (ApexBrasil), entidades que mantêm o Brazilian Footwear, programa de internacionalização do setor calçadista.

Para o biênio 2024/2025, a escolha aconteceu em reunião virtual no último dia 28 de fevereiro e contou com a participação de representantes da Abicalçados, ApexBrasil e empresários de todos os portes, segmentos, estados e maturidades exportadoras, associados ao Brazilian Footwear.

“Trata-se de uma escolha cuidadosa, minuciosamente planejada pelos departamentos de Inteligência de Mercado da Abicalçados e ApexBrasil, que colocam os principais mercados de cada continente para votação entre os empresários participantes”, explica a gestora de Projetos da Abicalçados, Letícia Sperb Masselli.

Os mercados-alvo escolhidos devem ser impactados por ações comerciais e de imagem do programa de exportação para o próximo biênio. No escopo do projeto, que subsidia ações de internacionalização físicas e digitais, estão feiras internacionais, missões comerciais, plataformas virtuais de conexão com compradores estrangeiros, capacitações para a exportação, iniciativas de promoção de imagem com influenciadores, promoção do programa Origem Sustentável, entre outras iniciativas.

“O Brazilian Footwear tem, hoje, cerca de 300 empresas associadas que respondem por quase 80% do total gerado pelas exportações brasileiras de calçados. Elas estão em estágios diferentes de internacionalização, sendo que a escolha dos mercados leva em consideração as diferentes estratégias para abertura, manutenção e ampliação dos embarques em diferentes países”, acrescenta Letícia.

Oportunidades

Para a gestora do Brazilian Footwear na ApexBrasil, Mariele Christ, o caráter democrático da seleção de mercados, que leva em consideração as experiências das próprias empresas, é um diferencial do processo, pois torna a escolha mais assertiva.

 “O exercício e a metodologia para a seleção é interessante, pois são as próprias empresas que mapeiam oportunidades comerciais em países nos quais precisam do apoio do Brazilian Footwear, seja para abertura, manutenção ou ampliação do comércio”, avalia a gestora, ressaltando que, previamente à seleção, as empresas respondem um questionário com dados qualitativos dos países.

 “Tivemos como premissa a distribuição geográfica, de forma a abranger todos os continentes. Tivemos duas gratas surpresas, que foram os mercados da Austrália – como secundário, para observação – e da Angola, onde já existe abertura para o nosso calçado e potencial de crescimento.”

Selecionados

Após quase duas horas de discussão, foram eleitos os mercados-alvo prioritários dos Estados Unidos, Colômbia, Chile, Emirados Árabes Unidos, Alemanha e Angola. Já os mercados-alvo secundários, que serão trabalhados para entendimento e prospecção para ações futuras durante o biênio, serão Arábia Saudita e Austrália.

Conheça os mercados prioritários selecionados:

Estados Unidos

Eleito para consolidação do mercado, os Estados Unidos são, historicamente, o principal destino do calçado brasileiro no exterior. No ano passado, conforme dados elaborados pela Abicalçados, foram embarcados para lá 17,84 milhões de pares, que geraram US$ 334,6 milhões, incrementos de 17,7% em volume e de 46,4% em relação a 2021.
A coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, explica que, apesar de ser o principal destino das exportações do setor, o Brasil possui apenas 1% de market share das importações daquele país.

“Os Estados Unidos são os maiores importadores do mundo e que vem dando mais atenção para fornecedores fora da Ásia, principalmente em função das exigências em sustentabilidade e proximidade logística. Em 2019, as importações de calçados chineses respondiam por quase 50% do market share, número que caiu para 39% no ano passado. É um mercado com grandes possibilidades para o nosso produto”, destaca Priscila.

Colômbia

Tendo caído três posições no ranking de destinos do calçado brasileiro no exterior (de 5º para 8º destino), a Colômbia é considerada um mercado relevante para o calçado brasileiro, principalmente para empresas que estão menos adiantadas no processo de exportação.

Segundo Priscila, o Brasil representa quase 10% das importações totais de calçados daquele país e tem potencial de crescer ainda mais devido às proximidades geográficas, que facilitam a logística, e culturais. Em 2022, as exportações de calçados brasileiros para lá somaram 10,22 milhões de pares, que geraram US$ 43,8 milhões, queda de 3,4% em volume e incremento de 29% em receita em relação a 2021.

Chile

Visando a abertura estratégica do mercado chileno, o Brazilian Footwear apostará naquele mercado para o próximo período. Conforme levantamento da Inteligência de Mercado da Abicalçados, o Brasil responde por apenas 3,4% das importações de calçados do país.

 “Apesar disso, na América Latina, o Chile é o nosso quarto principal destino e importa muito produto de maior valor agregado (35% é couro)”, destaca Priscila. No ano passado, foram embarcados para lá 3,64 milhões de pares, que geraram US$ 49,6 milhões, altas tanto em volume (+24,8%) quanto em receita (+52,5%) em relação a 2021.

Emirados Árabes Unidos

Considerado estratégico por ser um reexportador para os demais países árabes, os Emirados Árabes Unidos possuem grande potencial de mercado para o Brasil, que hoje responde por apenas 0,3% das importações de calçados do país. O elevado preço médio do calçado consumido lá (US$ 66,30) é outro atrativo para as exportações. Em 2022, foram exportados para lá 1 milhão de pares verde-amarelos, que geraram US$ 9 milhões, resultados superiores tanto em volume (+4,6%) quanto em receita (+34,6%) ante 2021.

Alemanha

Respondendo por 20% do consumo de calçados na Europa ocidental, a Alemanha é a principal importadora mundial no Velho Continente e a segunda maior do mundo (US$ 12 bilhões em importações em 2021). “Por outro lado, o Brasil representa apenas 0,1% das importações totais do setor, o que denota grande potencial para crescimento”, explica Priscila.

No ano passado, a indústria calçadista brasileira embarcou 1,47 milhão de pares para lá, que geraram US$ 10,1 milhões, resultados superiores tanto em volume (113,2%) quanto em receita (+45,8%) ante 2021.

Angola

Principal mercado africano para o calçado brasileiro, a Angola, além de ser estratégica para a expansão no continente, tem 32% de suas importações do setor provenientes do Brasil. “No ranking de importações angolanas, o Brasil só está atrás da China. A projeção para o consumo de calçados no país é de crescimento de 2% ao ano até 2024, portanto existe espaço para a ampliação das exportações brasileiras para esse destino”, comenta Priscila.

Décimo terceiro principal destino do calçado brasileiro no exterior, a Angola importou, em 2022, 5 milhões de pares verde-amarelos, que geraram US$ 19 milhões, incrementos tanto em volume (+37%) quanto em receita (+41,4%) em relação a 2021.

(*)  Com informações da Abicalçados

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