Europa paga até 50% a mais pela saca de soja orgânica produzida no Paraná

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Brasília – A soja brasileira está barata no mercado externo, quando se trata do grão geneticamente modificado. Grandes produtores dominam esse ramo do agronegócio e a grande maioria optou por cultivar soja transgênica. As super safras do grão no Brasil e nos Estados Unidos acabam derrubando o preço no mercado externo.

Já no ramo da soja orgânica, isso não acontece. O mercado europeu valoriza, cada vez mais, o grão natural cultivado com técnicas ecológicas e sem uso de agrotóxicos químicos. Esse é o caso de Vili Ermi Hoffmann, pequeno agricultor da região de Capanema, no Paraná. Proprietário de uma área de apenas 15 hectares, Vili optou, há cerca de 14 anos, por trabalhar do modo mais natural possível as safras de soja e trigo plantadas por ele, esposa e filho. No momento, a família está limpando a área para receber sementes naturais de soja e trigo, assim que as chuvas começarem.

“Essa será a 14ª safra. Já entreguei 13. Portanto, trabalhamos com soja orgânica há quase 14 anos e com muita satisfação”, diz o agricultor, bisneto de alemães que chegaram à região de Capanema na década de 40. A propriedade de Vili fica no município de Planalto, próximo de Capanema.

Ele colheu pouco mais de 700 sacas de soja e quase 400 de trigo, com grãos orgânicos e certificados, na última safra. “Vendo tudo para a Gebana. Vai tudo pra Europa. Eles fazem a certificação orgânica e eu não pago nada por ela”, conta, referindo-se à pequena multinacional suíça que promove a certificação e a comercialização dos orgânicos, em cooperação com os produtores.

A soja brasileira está muito barata, segundo Vili. No momento, a saca de soja transgênica custa em torno de R$ 30, e da orgânica cerca de R$ 45. Já a saca da soja convencional (não-transgênica) vale em torno de R$ 1 a mais do que a transgênica.

“A saúde das pessoas e dos animais não fica boa com a soja com agrotóxico. Por este motivo comecei a plantar orgânico. Deixei de plantar fumo por causa da quantidade de pesticidas que tinha de usar na plantação”, conta ele com seu forte sotaque alemão. “Sou contra os transgênicos. Pode ser prejudicial para o meio ambiente e para o ser humano e animais”, enfatiza.

Mais trabalho

O plantio da soja orgânica é mais caro e trabalhoso, mas Vili não desiste. “A soja orgânica dá 70% mais trabalho do que a convencional”, explica o agricultor. Só pra limpar o solo, depois da colheita, são quatro meses. “Gasto um pouco mais com trator, para gradear e depois semear”, acrescenta.

Sobre o avanço das culturas transgênicas a Região Sul, Vili diz que, por enquanto, não se preocupa. “Se a soja transgênica chegar perto, será um golpe para nós”, diz ele. A proximidade de uma plantação transgênica representa risco de contaminação para os plantios orgânicos, pois poderia haver cruzamento das espécies pelo processo de polinização natural. Isso geraria a depreciação do preço do grão orgânico. “Minha lavoura é muito afastada das lavouras transgênicas e também plantamos cana de pasto, a canalita, ao redor dos orgânicos; ela funciona como uma barreira aos transgênicos”.

O Programa Soja Responsável da Gebana, que incentiva os pequenos agricultores da região de Capanema a se certificar para plantar soja convencional, representa uma garantia para Vili e outros produtores de soja orgânica. “Será uma boa se plantarem apenas soja convencional aqui na região. O problema é que não sabemos até quando”, observa. “Espero que o preço dos orgânicos melhore nas próximas safras, mas não podemos nos queixar”, conclui.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias

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