Exportação de café para a China cresce 110% em quatro anos impulsionada pelo consumo entre jovens

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Nanjing – O consumo de café está crescendo rapidamente na China e transformando o país tradicionalmente consumidor de chá em um dos mercados mais promissores do mundo para a indústria cafeeira.

De acordo com a Organização Internacional do Café, o consumo de café do país aumentou anualmente 16% durante a última década, e seu mercado deverá crescer para cerca de 300 bilhões de yuans (US$ 42,3 bilhões) nos próximos anos.

Eduardo Heron Santos, diretor técnico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), disse que as exportações brasileiras de café para a China aumentaram mais de 110% de 2015 a 2019, impulsionadas pela popularidade do café entre os jovens urbanos da China.

Du Jianing, vencedor da Copa do Mundo de Baristas 2019 (WBrC), está engajado na indústria de café há cerca de dez anos. “Havia poucas cafeterias especializadas 10 anos atrás na China. Hoje em dia, cada vez mais cafeterias boutique são vistas nas cidades.”

Du também observou que atualmente os consumidores prestam mais atenção ao sabor e qualidade do café do que à sua aparência. “Os chineses estão mais dispostos a experimentar novos sabores do que os europeus. Portanto, muitas cadeias internacionais de café preferem lançar novos produtos na China para ter feedbacks.”

Embora o número de consumidores de café esteja aumentando rapidamente, o consumo per capita de café no país ainda está na fase inicial em relação aos países ocidentais. As estatísticas mostram que o consumo per capita de café na Finlândia é de 1.200 xícaras, e no Japão e Coreia, 180 xícaras por ano, enquanto que os consumidores no continente chinês bebem apenas seis xícaras por ano.

O enorme potencial do mercado de café na China incentivou as cadeias gigantes de café a acelerar o estabelecimento de lojas e cadeias industriais.

Em 13 de março, a Starbucks anunciou um plano para construir um parque de inovação de café no leste da China, o maior investimento em manufatura fora dos Estados Unidos pela maior rede de café do mundo.

Neste parque de inovação, a construção de uma torrefadora começará no segundo semestre deste ano com um investimento inicial de US$ 130 milhões, que deverá entrar em operação no verão de 2022.

Atualmente, a Starbucks está operando outras seis instalações torrefadoras, uma em Amsterdã e cinco nos Estados Unidos.

“A Starbucks sempre adotou uma visão de longo prazo na China, e nosso compromisso com o mercado nunca foi tão forte”, disse Belinda Wong, presidente e CEO da Starbucks China.

Santos disse que cadeias internacionais de café como a Starbucks podem impulsionar o crescimento do café na China, um país tradicionalmente adepto do chá. “Atualmente exportamos o dobro do que há cinco anos . Os produtores e exportadores brasileiros precisam discutir uma estratégia de planejamento para a China de forma a atender à crescente demanda”, disse ele.

A fim de satisfazer as demandas em constante mudança dos consumidores chineses, a cadeia internacional de café Costa Coffee anunciou em 25 de março deste ano que lançará uma linha de produtos de café prontos para beber na China com duas variantes. As novas bebidas destacam-se por reduzido teor de açúcar e gordura.

Shakir Moin, diretor chefe de operações da Costa International, disse que a China é um mercado importante para a Costa Coffee, e que a empresa deseja oferecer produtos que melhor atendam as demandas específicas dos consumidores chineses.

Du Jianing explicou que os produtos de café prontos para beber podem satisfazer os jovens chineses que desejam tomar café de alta qualidade a qualquer hora em qualquer lugar.

A tendência de consumo de café está remodelando as cadeias industriais relevantes na China. Nos últimos três anos, a Zona de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico de Kunshan, na Província de Jiangsu, introduziu várias marcas famosas de café, como também café africano de alta qualidade.

“Estamos acelerando o desenvolvimento de uma cadeia industrial completa que abrange a distribuição de grãos de café, comércio, torrefação e vendas de marcas de café”, disse Pan Jiankang, vice-diretor da zona, acrescentando que isto é também um reflexo da transformação da indústria chinesa.

(*) Com informações da Agência Xinhua

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