Exportações de couro aumentam 72% de janeiro a agosto e somam US$ 1,17 bilhão

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As exportações brasileiras de couros somaram US$ 1,17 bilhão nos oito meses de 2010, contabilizando aumento de 72% em relação ao acumulado do ano passado, mas ainda 15% inferior ao mesmo período de 2008. O cálculo é do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com base no balanço da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior.

“Mesmo com o crescimento no período, o resultado positivo ainda sofre os efeitos da lenta recuperação dos principais mercados compradores do produto nacional, além de problemas que vão da falta de matéria-prima, passando pelo Custo Brasil e principalmente a supervalorização do real”, afirma o presidente do CICB, Wolfgang Goerlich.

Segundo o executivo, conforme já alertado anteriormente, as empresas curtidoras vêm enfrentando dificuldades em comprar matéria-prima, devido ao fato de que vários frigoríficos estão com suas atividades paralisadas ou até reduzindo escalas, por falta de animais para abate.

“Na outra ponta, aumentam cada vez mais as dificuldades dos exportadores de couros para conseguir preços para cobrir seus custos, salienta.”.

Além do complexo panorama internacional, Goerlich destaca que a competitividade brasileira também é seriamente atingida por fatores internos como a sobrevalorização do real em relação ao dólar, a excessiva carga tributária, os juros altos, a falta de crédito, a excessiva burocracia, além dos gargalos logísticos e de transporte, denunciados recentemente pelo CICB.

O presidente da entidade ressalta que, apesar da recuperação neste ano em relação ao período de 2009, tal fato não é motivo para se comemorar porque o próximo quadrimestre poderá ser muito difícil.

Segundo o executivo, a indústria brasileira, uma das maiores exportadoras mundiais de couros, vem se esforçando para diversificar cada vez mais seus mercados e aumentando a oferta de produtos mais sofisticados, de maior valor agregado. Simultaneamente, o segmento curtidor vem reforçando ações para destacar o couro nacional no exterior, a exemplo da bem-sucedida campanha “Brazilian Leather”.

O programa, conduzido pelo CICB em parceria com a Apex-Brasil, agência vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, renovado em julho, tornou-se uma referência no setor e seus resultados positivos já influenciam expressivamente a imagem do nosso couro e as vendas externas, afirma Wolfgang Goerlich.

China, Hong Kong, Itália e EUA lideram importações

De janeiro a agosto de 2010, os principais mercados do couro brasileiro foram a China/Hong Kong com US$ 397,6 milhões (34% do total), a Itália, com US$ 260,56 milhões (22% do total) e Estados Unidos com US$ 126,5 milhões (11% do total).

No acumulado do ano, Vietnã (US$ 35,64 milhões), Alemanha (US$ 34,45 milhões), México (US$ 27,65 milhões), Indonésia (US$ 27,16 milhões), Coréia do Sul (US$ 25,57 milhões), Holanda (US$ 23,81 milhões), e Tailândia (US$ 19,22 milhões) foram outros importantes destinos das exportações brasileiras.

Entre outros países que aumentaram as aquisições do couro nacional no período, destacam-se: Cingapura, Uruguai, Grécia, El Salvador, Eslováquia e Croácia.

Crescem exportações do Pará, Santa Catarina, Rondônia e Sergipe

O balanço das vendas externas de couros dos estados brasileiros nos oito meses do ano ante o mesmo período de 2009 reafirma a liderança de São Paulo como maior exportador nacional (US$ 349,38 milhões, participação de 29,65% e aumento de 115%), seguido pelo Rio Grande do Sul (US$ 301,16 milhões, participação de 25,56% e crescimento de 62%), Ceará (US$ 114,54 milhões, 9,72% e crescimento de 59%), Paraná (US$ 109,6 milhões, 9,31% e aumento de 97%).

Os demais estados são Bahia (US$ 73,88 milhões), Mato Grosso (US$ 68,63 milhões), Mato Grosso do Sul (US$ 43,58 milhões), Goiás (US$ 38,47 milhões), Pará (US$ 22,5 milhões) e Minas Gerais (US$ 21 milhões). Cabe ressaltar o crescimento significativo no período das exportações do Pará (274%), Santa Catarina (96%, US$ 17,3 milhões), Rondônia (88%, US$ 10,45 milhões) e Sergipe, que aumentou 479%, saltando de US$ 203 mil para US$ 1,17 milhão.

Fonte: Secex/MDIC/CICB

Couro movimenta PIB estimado em US$ 3,5 bilhões

O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) é uma entidade federativa que representa, há 53 anos, cerca de 800 empresas de produção e processamento de couro. O complexo industrial emprega cerca de 50 mil pessoas, movimenta um PIB estimado em US$ 3,5 bilhões, deve exportar  US$ 1,7 bi em 2010, contribuindo em 10% para o saldo da balança comercial brasileira.

Já a cadeia produtiva do couro que abrange os setores de curtumes, calçados, componentes, máquinas e equipamentos para calçados e couros, artefatos e artigos de viagem em couro, reúne 10 mil indústrias, gera mais de 500 mil empregos e movimenta receita superior a US$ 21 bilhões de dólares por ano.

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