Exportações e importações em forte queda fazem do Brasil um “anão” do comércio internacional

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Da Redação

Brasília – O economista Edmar Bacha disse recentemente que o Brasil é um “anão” nas exportações globais. Os números da balança comercial até o mês de outubro não dão margem para se contestar a afirmação feita por um do responsáveis pelo Plano Real. Nos dez primeiros meses do ano, as exportações brasileiras totalizaram US$ 153 bilhões, uma queda de 4,65% em comparação com os números registrados em igual período do ano passado.

Visto sob o ângulo das importações, o panorama é ainda mais desolador: de janeiro a outubro, o Brasil importou bens no valor total de US$ 115 bilhões, uma queda de impressionantes 22,75% sobre os valores importados no mesmo período do ano passado. Com dados tão emblemáticos, o Brasil chegará ao fim do ano com uma participação abaixo de 1% no comércio internacional.

Ao participar de um seminário promovido pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Edmar Bacha afirmou que todas as economias maiores que o Brasil –como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Reino Unido- têm  posição no ranking de exportação comparável à lista dos maiores Produto Interno Bruto (PIB). Já o Brasil, disse Bacha “é hoje a oitava ou nona economia do planeta e é o 25º. Maior exportador mundial. Somos um gigante de 3% do PIB global mas um anão, com apenas 1% das exportações”.

De acordo com o estudo “Indicadores de Competitividade da Indústria”, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), os dados relativos à participação do Brasil nas exportações mundiais de produtos manufaturados é ainda mais preocupante. Segundo o estudo, o Brasil não para de perder espaço na economia internacional.

A participação da indústria brasileira nas exportações mundiais de manufaturados caiu 0,1 ponto percentual e saiu de 0,69% em 2013 para 0,59% em 2014. Em 2004, as vendas externas de manufaturados brasileiros representavam 0,74% do total do mundo. Enquanto isso, nesse mesmo período, a fatia da China aumentou de 7,94% para 17,42%.

 O desempenho recente da indústria brasileira só não foi pior do que o da japonesa. A participação da indústria do Japão nas exportações mundiais recuou de 5,12% em 2013 para 4,73% em 2014, uma queda de 0,39 ponto percentual. No mesmo período, a fatia da China cresceu 0,44 ponto percentual e alcançou 17,42%. A do México aumentou 0,12 ponto percentual e ficou em 2,45%.

O estudo revela ainda que o Brasil também perdeu espaço no valor adicionado mundial de manufaturados, que desconta do total da produção os gastos com insumos. A fatia do país, que representava 2,56% em 2014, diminuiu para 2,26% em 2015, uma retração de 0,3 ponto percentual no valor adicionado industrial mundial. De 2005 a 2015, a queda foi de 0,82 ponto percentual. Enquanto isso, a participação da China cresceu 12,09 pontos percentuais e a da Coreia do Sul aumentou 0,55 ponto percentual.

O desempenho negativo da indústria brasileira no cenário internacional é resultado da perda de competitividade em relação aos seus principais parceiros comerciais. Segundo o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, “a baixa capacidade de o Brasil competir com os demais parceiros comerciais reduz a produção e o emprego, desestimula os investimentos e compromete o crescimento da economia”.

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