José Ricardo dos Santos Luz Júnior, CEO do LIDE China - Foto: Original123 Comunicação

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José Ricardo dos Santos Luz Jr. (*)

Desde o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, o Presidente da República Popular da China Xi Jinping apresentou diversas ideias extraídas de suas experiências na Governança de Estado na Nova Era, que foram cronologicamente compiladas no terceiro volume de “Xi Jinping: A Governança da China” pelo Departamento de Publicidade do Comitê Central do Partido Comunista da China e pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado, com o apoio do Instituto de Pesquisa de História e Literatura do Partido do Comitê Central do Partido Comunista da China e do China International Publishing Group.

O primeiro e o segundo volumes de “Xi Jinping: A Governança da China” foram destaque na China e no mundo. Esse terceiro volume é uma coleção de 92 artigos, discursos, conversas, instruções e cartas do Presidente da República Popular da China Xi Jinping entre 18 de outubro de 2017 e 13 de janeiro de 2020, além de 41 fotografias. Em 19 seções, são discutidos tópicos que vão desde governança nacional chinesa e abertura da China à uma aldeia global de futuro comum compartilhado.

Trata-se de importante compêndio aos interessados em entenderem melhor desde o pensamento chinês, até o papel e os esforços da China nessa remodelagem de governança global, pois incluem reflexões sobre:

• Pensamento sobre socialismo com características chinesas para uma Nova Era
• Liderança geral do Partido Comunista Chinês
• Funcionamento das Instituições do Estado e da Governança Nacional Chinesa
• O Povo Chinês como a força da Governança Chinesa
• Eliminação da pobreza e uma sociedade moderadamente próspera
• Rumo das próximas reformas
• Abertura, inovação e inclusão chinesa
• Gerenciamento de riscos
• Economia Chinesa: do crescimento de alta velocidade ao desenvolvimento de alta qualidade
• Democracia Socialista
• Cultura Chinesa na Nova Era
• O Bem Estar do Povo
• Harmonia entre a Humanidade e a Natureza
• As Forças Armadas do Povo Chinês
• A Reunificação Pacífica de Hong Kong, Macau e China
• Diplomacia da China como importante player global
• Comunidade Global de Futuro Compartilhado
• Iniciativa do Cinturão e Rota
• Auto-reforma do Partido Comunista da China

E quais são as implicações e a importância desse novo compilado às autoridades, empresários e comunidade acadêmica Brasileira?

O Brasil foi o primeiro país da América Latina a desenvolver comércio bilateral com a China em nível acima de USD 100 bilhões. Após o estabelecimento das relações diplomáticas em 1974, Brasil e China elevaram as relações ao nível de parceria estratégica global em 2012 e o gigante asiático é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009.

Vale dizer que a China e o Brasil são interdependentes e podem se beneficiar substancialmente dessa relação ganha-ganha, vez que essa relação sul-sul é vista por ambos os países como uma relação estratégica de longo prazo, pacífica e sem histórico de guerras, sendo nítida a intensificação do comércio, o aumento do fluxo de investimentos, a promoção de parceria concreta e a efetiva integração para atingirem resultados mutuamente positivos, tanto que foi constituída a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN) em 2004 como mecanismo de diálogo político regular entre os dois países e foi firmado o Plano Decenal de Cooperação e do Diálogo Estratégico Global (2012-2021), com o objetivo de assinalar as áreas prioritárias e os projetos-chave em ciência, tecnologia e inovação, cooperação econômica e intercâmbio entre os povos sino-brasileiros.

Nesse sentido, é importante ressaltar que o Plano Decenal de Cooperação Brasil-China (2022-2031) é mais uma oportunidade para explorar o arcabouço institucional sino-brasileiro e um momento singular para se debater acerca da implementação de projetos-chave simbólicos, como por exemplo a ferrovia bioceânica para interligar a malha ferroviária entre Brasil e Peru, pois é indiscutível o peso muito maior da Ásia e especialmente da China nos fluxos de comércio, investimentos e tecnologias mundiais e o Brasil precisa adotar essa visão global e estratégica para o desenvolvimento doméstico interno.

Sem prejuízo, Brasil e China podem ainda estabelecer um acordo de livre comércio, bem como têm uma oportunidade de estreitar ainda mais os laços econômicos e comerciais através da adesão do Brasil à política de Cinturão e Rota estabelecida pelo Governo do Presidente Xi Jinping em 2013, com o principal objetivo de conectar a China aos seus parceiros por meio do desenvolvimento das frentes de infraestrutura, tecnologia e saúde.

É inquestionável a possibilidade da China desenvolver e aprofundar a relação com o Brasil no momento pós-pandemia nas áreas agrícola, energia limpa, mineração, infraestrutura, comércio eletrônico, manufatura inteligente e telecomunicação, especialmente com ênfase na tecnologia 5G. O Brasil já tem cooperação pragmática na
área de commodities como soja, minério de ferro, petróleo, celulose e proteína animal, além do comércio eletrônico, mas poderá intensificar a parceria de investimento com a China na área de alta tecnología, principalmente no contexto da indústria 4.0, através da revolução dos meios de produção com o desenvolvimento do machine learning, internet das coisas e o big data.

Dados os recentes desafios ao multilateralismo, a necessidade de reforma da governança mundial, dada a nova arquitetura global na era da quarta revolução industrial, a cooperação pragmática sino-brasileira deve superar as ideologias e respeitar os diferentes sistemas sociais, buscando sempre o caminho de desenvolvimento e coexistência pacíficos, com o objetivo de construirmos juntos a ponte econômica, política e social sino-brasileira.

Consoante inclusive enfatizado na última reunião das duas sessões chinesas em maio de 2020, constituídas pela Assembleia Popular Nacional e pela Conferência Consultiva Política do Povo Chinês – cruciais reuniões em que são transmitidas as informações sobre o desenvolvimento econômico e social da China, bem como as metas e prioridades do país, o mundo vive numa aldeia global e é hora de superarmos em conjunto as diferenças para promovermos a construção de futuro compartilhado com toda a humanidade.
“Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha” (Confúcio).

(*) José Ricardo dos Santos Luz Júnior – CEO do LIDE China

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