Da Redação
Brasília – O governo brasileiro deverá liberar até o fim do ano as importações de bananas do Equador, colocando ponto final num embargo que persiste vigorando sem justificativa técnica ou de origem sanitária ou fitossanitária. De acordo com uma fonte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que pede para não ser identificada, “falta apenas a tomada da decisão política pelo governo para que a autorização seja concedida e finalmente o Equador possa exportar ao Brasil o principal item de sua pauta exportadora”.
Há mais de um ano o Equador, através de gestões realizadas pela Embaixada em Brasília e por contatos em outras esferas governamentais em Quito vem insistindo junto ao governo brasileiro no sentido de obter autorização para exportar a fruta ao Brasil. Em momento algum as autoridades em Brasília deram uma resposta concreta ao pedido.
Em agosto passado, a Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa pubicou portaria anunciando a criação de um grupo de trabalho destinado a analisar e opinar sobre os aspectos técnicos da importação de bananas do Equador. O grupo tem o comando do coordenador-geral de Proteção de Plantas do Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa e é integrado pelo chefe da Divisão de Análise de Risco de Pragas do Ministério, além de pesquisadores da Embrapa e da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA).
De acordo com a portaria, até a conclusão dos trabalhos desse grupo, fica suspensa a aprovação de plano de trabalho que contenha medidas para diminuição do risco para importação de bananas do Equador, previsto pela Instrução Normativa no. 3 de 20 de março de 2014.
Segundo a fonte do Mapa, “a análise de risco de pragas concluiu pela inexistência de qualquer problema e foi constatado que as bananas equatorianas não oferecem risco às plantações brasileiras da fruta. Além do mais, a banana equatoriana é de excepcional qualidade e atende todas as exigências e padrões dos órgãos sanitários e de segurança alimentar. Para que a exportação ao Brasil seja liberada falta apenas a tomada da decisão política nesse sentido”.
Na avaliação de outra fonte do governo, “a importação de bananas do Equador ainda não foi autorizada apenas pela pressão do setor produtivo nacional, que é muito forte politicamente e tem feito sucessivas gestões junto ao governo visando manter o embargo. Estamos vivendo no Brasil uma campanha presidencial acirrada e o lobby dos mais diferentes segmentos do agronegócio é forte o bastante para fazer com que o governo adie ao máximo a tomada de decisões como essa mas, passadas as eleições, não existirá razão para que o governo não autorize a importação das bananas do Equador”.
Para a fonte, “as bananas do Equador são de excepcional qualidade e são distintas das bananas brasileiras. São uma espécie de banana premium, utilizadas, por exemplo, para as bananas splits ou para confeitos em geral. Com a importação do produto, empresários e consumidores brasileiros terão à sua disposição um produto da mais alta qualidade e preços internacionais bastante competitivos”.
A banana e a economia do Equador
A busca de espaços no mercado brasileiro para produtos como as bananas, cacau, chocolates, atuns é uma das principais tarefas do ProEcuador (Instituto de Promoção de Exportações e Investimentos) em São Paulo.
Segundo Alexis Villamar (Diretor do ProEcuador na capital paulista), “nada menos que 25% da oferta mundial de banana vem do Equador, o maior exportador do mundo. A fruta representa 10% as exportações totais e é o segundo item na pauta exportadora do país. As variedades de bananas que o Equador oferta é das mais abrangentes e incluem Cavendish, orito ou banana prata baby e banana vermelha. Cerca de 250 mil hectares são dedicados ao cultivo da banana no país. A maioria em plantações que cumprem as mais rigorosas normais técnicas e os certificados de padrões internacionais de qualiade como as normas Globalpag, Certificação de Produção Orgânica e Comércio Justo. Um produto que obedece protocolos tão rigorosos está perfeitamente apto a ser exportado para o mercado brasileiro sem oferecer nenhuma espécie de risco à produção local e à saude dos consumidores brasileiros”.
Comércio bilateral
A autorização para exportações de bananas ao Brasil é apenas um passo visando dar um pouco mais de equlíbrio ao intercâmbio comercial brasileiro-equatoriano. Entre 2009 e 2013, as trocas entre os dois países gerou para o Brasil um superávit de mais de US$ 3,8 bilhões.
Este ano, de janeiro a agosto, as exportações brasileiras somaram US$ 525 milhões e tiveram uma queda de 9,24% em comparação com igual período de 2013. Enquanto isso, as exportações equatorianas totalizaram US$ 93 milhões (queda de 1,66% em comparação com igual período do ano passado).
Para Alexis Villamar, “a relação comercial entre os dois países ainda é muito desequilibrada e é preciso encontrar meios de ampliar as vendas do Equador ao Brasil para dar um mínimo de equilíbrio ao intercâmbio bilateral. Além das bananas, o Equador pode fornecer ao mercado brasileiro caramelos, confeitos e pastilhas sem cacau, conservas de atuns, chocolates e flores, entre outros produtos de alta qualidade. É também importante destacar que as exportações brasileiras para o Equador abrangem em sua grande maioria produtos industrializados, de alto valor agregado. Produtos para os quais o Brasil vem encontrando dificuldades para encontrar mercados no exterior”.
Alexis Villamar destaca que “compramos muito do Brasil pois o país tem um parque industrial sofisticado e o consumidor equatoriano aprecia bastante os produtos brasileiros. Somos um país pequeno mas temos diversos produtos que podemos exportar ao Brasil. Entre eles figuram as bananas e camarões. Também esperamos poder aumentar nossas exportações de atum, rosas e outras flores, balas e chocolates, que já vendemos ao Brasil e podemos faze-lo em volume bem mais elevado”.