Greve dos caminhoneiros causa prejuízos de US$ 6 bilhões nas exportações, diz Abracomex

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Vitória – A paralisação dos caminhoneiros em protesto a alta do preço do diesel completa 11 dias, sinalizando uma redução de aproximadamente 3% a 5% nas exportações brasileiras. Com produtos que não chegam aos portos e embarques reduzidos, as fábricas exportadoras apresentam estoques lotados, obrigando-as a reduzir o ritmo de produção, gerando prejuízos para o país.

Para Fernando Rodrigues, professor de logística da Associação Brasileira de Assessoria e Consultoria em Comércio Exterior (Abracomex), a  paralisação acarreta dois prejuízos para o comércio exterior brasileiro: o prazo de entrega e a queda nas vendas. “Nas exportações de commodities, produtos agrícolas e minerais não há queda de vendas, mas adia-se o prazo de entrega. Já na exportação de manufaturados, os pedidos são cancelados por não embarcarem no prazo efetivo”, explica.

Na opinião do especialista, como as exportações de commodities representam 60% do total das exportações, estima-se uma perda de US$ 500 milhões. Enquanto que na exportação de manufaturados, representa uma perda de 5% o que equivale a US$ 500 milhões. “Isso significa que teremos uma retração de aproximadamente US$ 6 bilhões nas exportações em 2018”, completa Rodrigues.

De acordo com o site do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a balança comercial brasileira da última semana, quando a greve teve início, não será divulgada. As informações sobre as exportações e importações brasileiras durante esse período serão comunicadas junto da balança completa do mês de maio.

Prejuízos para todos os segmentos

Os segmentos mais afetados são os de soja em grãos, petróleo em bruto, carne de frango, farelo de soja, minério de ferro e bovinos. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), calcula em até 10 bilhões de reais os impactos para a cadeia produtiva de pecuária de corte. Das 109 plantas de produção de carne do país, 107 pararam, e as duas que funcionam operam com menos de 50% da capacidade.

A bolsa de valores apresentou na última segunda-feira uma queda de quase 4,5%, a pior queda diária em quase um ano. Por causa das consequências da paralisação dos caminhoneiros para a economia e as contas públicas do país, a situação se agravou pela queda de mais de 14% das ações da Petrobras, ultrapassada por Ambev, Vale e Itaú Unibanco no ranking de empresas com maior valor de mercado do Ibovespa.

As MPs

No último domingo, três medidas provisórias foram divulgadas pelo Governo Federal para conter a greve. A MP 831 é destina a reservar contratos da Companhia Nacional de Abastecimento, Conab, a autônomos; a MP 832 cria  uma tabela de preço mínimo de frete; e a MP 833 isenta eixos suspensos de  pedágio.

Para Fernando Rodrigues, os resultados serão positivos quanto a reserva de contratos da Conab e a isenção de cobrança de pedágio par eixos suspensos  para caminhoneiros autônomos. “Existe uma grade oferta de caminhões motivadas pela queda de atividade econômica nos últimos anos. Estas medidas, deverão alavancar as contratações dos autônomos”.

Segundo o consultor da Abracomex, Sílvio Montes Pereira Dias, a MP do Frete Mínimo poderá trazer algum embaraço ao setor, isso porque o tabelamento poderá provocar um aumento no valor do frete total e provocando falta de competitividade.  “O frete mínimo, principalmente pensando nas commodities, pode ser pouco atrativo. A tendência é as empresas, que puderem, investirem em frota própria para fugirem do frete mínimo”, afirmou Dias, que acredita que os impactos dessa medida podem respingar na bolsa de valores e no custo Brasil.

 

A Greve

A greve dos caminhoneiros já completa 11 dias, tendo início na segunda-feira (21), como um movimento contra a política de reajustes do óleo diesel.

Em algumas regiões, como no Porto de Santos e no Espírito Santo a greve já chega ao fim, mas a economia brasileira continuará a sentir os impactos da paralização. No ES, a Polícia Rodoviária Federal foi responsável pela negociação e os manifestantes liberaram os colegas de forma pacifica.

Já em Santos, o governador ofereceu o parcelamento do IPVA dos caminhões em seis vezes e a garantia de que os autônomos vão contar com dez pontos de parada nas rodovias, sendo quatro no Rodoanel, onde terão à disposição pontos de abastecimento com diesel entre 10% e 15% mais barato.

(*) Com informações da Abracomex

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