São Paulo – Marcelo Brandão trabalhava havia cinco anos em uma transnacional americana. Mesmo após ser promovido, decidiu abrir mão da estabilidade do emprego para colocar em prática uma ideia que estava martelando na cabeça: criar uma plataforma para facilitar e acelerar a contratação de fretes internacionais, uma grande inovação para a área de comércio exterior, ainda tão tradicional.
Ele precisou vender o carro e contratou um desenvolvedor para começar a desenhar o protótipo, mas levou seu primeiro capote. Depois de ter pagado o prestador de serviço, não viu mais a cor do dinheiro.
“O cara sumiu! Depois contratei uma software house pensando que seria seguro, me pediram 90 dias de prazo, mas a empresa sumiu com o dinheiro também. Nesta fase, eu já tinha uma base de usuários interessados na plataforma. Foi um capote muito grande. Perdi muito dinheiro.”, conta o jovem, então com 24 anos de idade.
Com o estresse que passou, Marcelo teve paralisia de bell. Ficou com o rosto imóvel por 45 dias. Apesar de tudo, não jogou a toalha.
“Em nenhum momento pensei em desistir. Chamei dois amigos, o Arthur Lee e o João Gomes, e recomeçamos do zero. Isso foi em 2020. Em menos de um ano, fomos percebidos pela Comexport (a maior trading company do Brasil), que resolveu fazer um aporte financeiro para o desenvolvimento da plataforma”, acrescenta.
O primeiro momento de escalada da startup aconteceu em junho, quando Marcelo, Arthur e João conseguiram automatizar os processos e conquistaram um grande cliente, a Josapar, fabricante do arroz Tio João.
Em dezembro, veio o aporte da Comexport. Para desenvolver a plataforma, a regra básica desde o início é ouvir atentamente os clientes. A Talura é uma startup customer centric, ou seja, está sempre ouvindo e colocando o cliente no centro de todas as suas ações. Iniciativas como entrevistas, testes e dinâmicas com os usuários fazem parte do desenvolvimento de novas funcionalidades.
“Tudo que construímos desde o início foi com atenção e foco total no cliente. Nós nos adaptamos às necessidades do usuário”, diz.
Atualmente, a Talura tem 12 colaboradores. Na plataforma, já são 700 embarcadores e 300 agentes de carga cadastrados.
“Em apenas um ano de existência, já movimentamos 1.500 contêineres e mis de R$ 30 milhões em fretes internacionais. Praticamente já triplicamos todos os números do ano passado”, comemora.
Segundo ele, o próximo grande passo deve vir com o resultado de uma nova rodada de investimentos, prevista para terminar em dezembro de 2022. A Talura está buscando R$ 55 milhões por 10% da empresa.
(*) Com informações da Talura