Importação de produtos lácteos cresce 81% até agosto e prejudica os produtores brasileiros

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Brasília  A importação brasileira de lácteos registrou novo aumento no mês de agosto. Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), o volume totalizou 25 mil toneladas, alta de 7% com relação ao mês de julho deste ano. Entre os meses de janeiro e agosto, o país importou 81% mais em toneladas e 40% em dólares, se comparado ao mesmo período do ano anterior. Dentre os produtos importados, o destaque fica para o leite em pó, proveniente principalmente do Uruguai e Argentina.

Para o setor lácteo brasileiro, a situação é preocupante, por prejudicar diretamente a produção nacional, transformando o mercado interno em um ambiente artificial de aumento de oferta de leite. O assunto foi debatido na reunião da Câmara Temática do Leite da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), na terça-feira (04).

Segundo os representantes, o Brasil ainda não possui um acordo para limitar as importações do Uruguai, nos mesmos moldes da Argentina, que está habilitada a embarcar 4,3 mil toneladas de leite em pó por mês, durante o período de junho de 2016 a maio de 2017 e 4,5 mil toneladas, de junho de 2017 até junho de 2018.

“As importações preocupam o setor produtivo, pois afetam diretamente o preço recebido pelo produtor. Com uma oferta artificial de leite no mercado, as indústrias reduzem seus custos, diminuindo o preço pago pelo litro ao produtor e substituindo parte da captação direta, pelo produto importado”, afirmou o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Os membros da Câmara Temática levaram o problema para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para que a prática seja proibida.

Outro tema discutido, foi a atual conjuntura do mercado de leite. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Glauco Carvalho, afirmou que o custo de produção da atividade aumentou 20% entre junho e agosto deste ano e muitos produtores abandonaram a cultura ou migraram para a pecuária de corte. “Apesar dos aumentos significativos do preço pago ao produtor, a cadeia segue em recuperação lenta, com margens apertadas,”, explicou Glauco.

Participaram da reunião, os deputados Alceu Moreira (PMDB-RS) e Marcos Montes (PSD-MG), o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, o coordenador da Câmara Temática da OCB, Vicente Nogueira, o representante da Agroconsult, André Pessôa, produtores de leite, presidentes de cooperativas, associações e sindicatos.

Fonte: CNA

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