Cidade do Kuwait – Empresários brasileiros que integram missão liderada pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ao Golfo apresentaram nesta segunda-feira (15) projetos no Brasil para potenciais investidores na Câmara de Comércio e Indústria do Kuwait (KCCI), na capital da nação árabe. “São empresários que pretendem expandir seus negócios para o Kuwait ou ter parceiros aqui”, explicou Maggi ao vice-presidente da KCCI, Abdul Wahab Al Wazzan.
Alexandre Rocha/ANBA

O ministro fez uma ampla apresentação sobre o agronegócio brasileiro, informando, por exemplo, que o País é o maior produtor mundial de açúcar, café e suco de laranja, o segundo em soja e carne bovina, o terceiro em milho e frango, e o quarto e celulose, sendo que nas exportações é o primeiro em açúcar, café, soja, frango e celulose, o segundo em milho e o terceiro em carne bovina.
O Kuwait e outros países do Golfo precisam importar boa parte dos alimentos que consomem e buscam oportunidades de investimentos na área agropecuária em outros países para garantir o abastecimento de seus mercados. “Precisamos de produtos brasileiros no mercado do Kuwait”, declarou o vice-presidente da KCCI.
Estavam na reunião representantes de cinco empresas do ramo de frangos, principal produto exportado pelo Brasil ao Kuwait: Adriano Zerbini, da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, Ana Carolina Ferrari, da Granja Barufi, do interior de São Paulo, Marcelo Bossa, da JBS, representando a marca Seara, Nestor Freiberger, da Agrosul e da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), e Inácio Moreira Netto, da Agência de Negócios do Estado do Acre, representando a Acre Aves.
Ferrari, por exemplo, procura investidores para financiar o aumento da produção da Granja Barufi. Já Moreira Netto busca parceiros que queiram “participar de empreendimentos industriais na cadeia produtiva de proteína animal”, não só de frango, mas também de carne bovina, ovina e de pescados. “Nosso objetivo é atrair capital de giro para poder atender o mercado”, disse ele.
Janine Menezes, da Biofish, empresa de aquicultura, convidou os kuaitianos a conhecer projetos no Brasil para eventuais investimentos. “Desenvolvemos toda a cadeia produtiva de peixes amazônicos”, afirmou. “A demanda por este produto no mundo é muito maior do que o que se produz”, acrescentou.
A AgroExport, representada por Silvio Cunha Neto, exporta gado, e o Kuwait tem interesse em importar animais. A companhia já exportou cerca de um milhão de cabeças desde a sua fundação, em 1988.
Leonardo Einsfeld, diretor da AgrinvestBR, disse que sua empresa atua na “captação de investimentos e geração de oportunidades no agronegócio brasileiro”. Entre os setores em que atua estão os de açúcar, frigoríficos, esmagadoras de soja, entre outros.
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José Cláudio Balducci, da Amazonly, pretende atrair investimentos para um projeto de processamento de frutas no Amapá. “É um investimento financeiramente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável”, destacou. A ideia é construir uma fábrica com capacidade para processar 80 toneladas de açaí e 40 toneladas de outras frutas amazônicas por dia.
Jaílson Macedo, do Porto de Itaqui, no Maranhão, apresentou os serviços oferecidos pelo terminal marítimo no escoamento da produção agropecuária. Participaram também os representantes de certificadoras halal, Mohamed Zoghbi, presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), e Ali Ahmad Saifi, vice-presidente da Cdial Halal. Halal é a produção de alimentos e de outros itens de acordo com tradições islâmicas.
“Este contato direto facilita os negócios”, comentou o vice-presidente da KCCI. Já o embaixador do Brasil no Kuwait, Norton Rapesta, sugeriu a organização de mais missões comerciais de kuaitianos ao Brasil e vice-versa.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, convidou os empresários kuaitianos a ir ao Brasil “para conhecer de perto as atividades” apresentadas pelos empresários brasileiros. “A Câmara Árabe está aqui para abrir canais entre o Brasil e o Kuwait”, destacou.
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“Queremos sempre fortalecer nossas relações com a Câmara Árabe Brasileira”, respondeu Al Wazzan, da KCCI. “Inchallah (se Deus quiser) nós faremos uma missão ao Brasil”, acrescentou.
O diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, ainda apresentou um vídeo sobre a entidade e o agronegócio brasileiro.
Empreendimentos no Kuwait
Os kuaitianos ainda aproveitaram para mostrar aos brasileiros oportunidades de investimentos em seu próprio país. O representante da agência estatal de promoção de investimentos (Kdipa, na sigla em inglês), Mohammad Yousef Yaqoub, disse que o plano de desenvolvimento nacional tem como meta mobilizar 110 bilhões de euros em investimentos em diferentes setores até 2035. “Mais do que aumento de capital, nós queremos atrair tecnologias, know-how e gerar empregos”, afirmou.
Ele informou que o Kuwait tem a sexta maior reserva de petróleo do mundo e que o país oferece uma série de incentivos a investidores estrangeiros, como isenção de impostos por dez anos, isenção de taxas alfandegárias, facilitação na obtenção de terrenos, livre trânsito de capitais e garantia de 100% da propriedade do negócio.
Segundo ele, desde a criação da agência, em 2013, foram aprovados 188 projetos, realizados investimentos de 1,96 bilhão de euros e criados 1.035 postos de trabalho.
(*) Com informações da ANBA