Pequeno exportador e importador ganham melhor competitividade com decisão do BC em operações de câmbio

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São Paulo – A decisão anunciada na última quinta-feira (30) pelo Banco Central, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), permitindo que corretoras câmbio façam operações de até US$ 300 mil com posição própria (sem precisar de um banco para a operação) dá a 80% dos exportadores e importadores espaço para negociar taxas de câmbio com um rol maior de instituições financeiras e melhorar sua competitividade.

Ao ampliar o limite de negociação das corretoras, a maior parte das empresas pode fechar a operação de câmbio diretamente com estas instituições, aproveitando atendimento especializado no comércio exterior e a possibilidade de negociar taxas mais atraentes.

Muitas micro e pequenas empresas brasileiras deixam de fazer vendas ou compras no exterior porque não têm conhecimento sobre como realizar o pagamento da transação. A operação é complexa, e empresas de menor porte precisam, muitas vezes, de assessoramento personalizado para viabilizar o negócio, o que é oferecido por instituições financeiras de câmbio, como bancos de nicho, corretoras e distribuidoras.

“Empresas são as grandes beneficiadas por esta mudança porque elas deixam de fechar o câmbio com um robô e podem negociar as taxas”, afirma Kelly Massaro, presidente executiva da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam) .

“O papel das corretoras e distribuidoras de títulos e valores é atender o micro e pequeno exportador e importador. Este é o nicho delas, então há um empenho em oferecer atendimento personalizado, assim como os bancos oferecem para grandes e médias empresas”, acrescenta.

Kelly Massaro – Presidente executiva da Abracam /Foto: Divulgação IMTC/youtube

Até agora, instituições não bancárias de câmbio podiam fazer operações até US$ 100 mil. Para qualquer contrato acima deste valor, estas instituições trabalhavam como intermediadoras da operação entre a empresa e um banco, que dividiam a rentabilidade.

No Brasil, 83% dos exportadores e 86% dos importadores cadastrados no Ministério da Economia comercializam até US$ 1 milhão em bens e serviços por ano.

“Uma instituição financeira tem o mesmo trabalho para fazer o câmbio de uma operação menor e uma gigante. Por isso cada uma se beneficia em trabalhar no seu nicho. Obviamente os grandes bancos comerciais e internacionais acabam atendendo as operações menores automaticamente, por seus canais eletrônicos. Bancos de câmbio e corretoras têm estruturas mais enxutas e conseguem atender esses clientes individualmente” diz Kelly.

A Abracam vem há meses pleiteando junto ao Banco Central o aumento do limite de operação com posição própria, e apresentou estudos que mostravam os benefícios da revisão. A decisão do CMN também acontece em momento oportuno, uma vez que a paralisação econômica global provocada pela pandemia de coronavírus vem atingindo fortemente o comércio internacional.

O número de empresas cadastradas junto ao Ministério da Economia para fazer exportação e importação caiu 36% desde o ano passado. A alta do dólar tem forte impacto nas compras externas, ao mesmo tempo que a desaceleração econômica afeta a demanda no país.

(*) Com informações da Abracam

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