Petrobrás realiza em junho as primeiras perfurações em busca de petróleo na plataforma do Benin

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Da Redação

Brasília – As sondas da Petrobrás devem realizar em junho ou ao mais tardar em julho- a perfuração do primeiro de uma série de até três poços no bloco 4, na plataforma continental de Benin e se os resultados forem positivos, pode-se iniciar ali uma nova etapa na economia do país africano que sempre teve relações históricas com o Brasil.

Estudos preliminares realizados pela Petrobrás em parceria com a Shell e a empresa Compagnie Béninoise des Hydrocarbures (CBH, subsidiária da Lusitânia Petroleum), as três empresas que integram o consórcio responsável pela prospecção petrolífera naquela área, foram considerados “potencialmente muito importantes” e as autoridades de Benin aguardam com grande expectativa os resultados dos primeiros testes de prospecção.

A expectativa da estatal brasileira é encontrar petróleo leve, assim como em outras atividades exploratórias da Petrobras no continente africano em águas profundas e ultraprofundas da região. A Petrobras possui importante atuação em países como Angola, Líbia, Namíbia, Nigéria, e Tanzânia.

O bloco adquirido pela estatal, o nº 4, cobre uma área de aproximadamente 7,4 mil quilômetros quadrados, com profundidade de água que varia de 200 a três mil metros, a uma distância média de 60 quilômetros da costa.

Segundo  Isidore Amédée Monsi, embaixador do Benin no Brasil, “meu país faz fronteira com a Nigéria, grande produtor e detentor de expressivas reservas de petróleo e é difícil acreditar que o vizinho Benin também não possua seus depósitos petrolíferos. Por isto, aguardamos com grande expectativa o início dos trabalhos exploratórios e estamos confiantes em que a perfuração desse poço pioneiro já possa trazer os resultados positivos pelos quais tanto aguardamos”.

O embaixador Monsi ressalta que o acordo firmado com a Petrobrás é um novo e importante  item na pauta da cooperação que ao longo dos anos vem sendo prestada pelo Brasil ao Benin: “nossa cooperação bilateral abrange do futebol ao setor da saúde. No campo esportivo, ano passado 22 jovens de Benin permaneceram durante nove meses aprimorando sua técnica num centro de treinamento do Botafogo de Ribeirão Preto, onde também treinam jovens da China, Haiti, Cazaquistão e dos Estados Unidos”.

De acordo com o diplomata, “na área da saúde, podemos trocar experiências com o Brasil no tratamento da drepanocitose, uma doença do glóbulo vermelho, que atinge as pessoas da raça negra e na qual o Brasil não tem grande experiência. Também temos interesse nos medicamentos antirretrovirais. Quando o presidente do Benin visitou o Brasil, em março do ano passado, fez um pedido formal ao governo brasileiro para que doasse ao  Benin uma f’ábrica desses produtos. Sabemos que será muito difícil ter essa pretensão atendida mas acreditamos que o nosso país está capacitado para receber essa fábrica. O governo brasileiro fez a doação de um volume importante desses medicamentos, usados no combate à Aids e temos interesse em fazer do nosso país um pólo distribuidor dos medicamentos antirretrovirais na África”.

 

Comércio bilateral

 

Nos últimos anos o Brasil vem aumentando as exportações para o Benin, mas o comércio bilateral é ainda modesto e praticamente se resume às vendas de produtos brasileiros para o país africano, que realiza pequenas e esporádicas exportações para o Brasil.

Ano passado, as exportações para o Benin somaram US$ 156 milhões, contra exportações do Benin de modestos US$ 2,9 milhões. No primeiro bimestre deste ano, o Brasil exportou US$ 34 milhões (72,90% a mais que em igual período de 2011), enquanto Benin nada  vendeu para o Brasil. Os principais produtos exportados pelo Brasil foram açúcar, carnes de perus e frangos.

Na opinião do embaixador Monsi, o comércio bilateral pode ser bem mais expressivo. Segundo ele, “o Benin importa uma série de produtos que o Brasil vende ao exterior. São  roupas, sapatos; celulares, televisores, produtos de informática. Atualmente, a maior parte desses produtos é fornecida por fabricantes chineses, que os vendem a preços bastante competitivos, mas a qualidade nem sempre é a desejável. Portanto, existem boas oportunidades a serem exploradas pelos brasileiros”.

O diplomata afirmou também que empresas chinesas da construção civil tem forte presença no Benin, onde constroem estradas, barragens, edifícios, rodoviárias, pontes e outras obras de engenharia. São obras nas quais grandes construtoras brasileiras dispõem de tecnologia bastante aprovada graças a diversos projetos realizados nos mais diferentes países africanos.

Segundo o embaixador, “no mês passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o Benin em companhia de dirigentes de grandes construtoras, como a Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão e a OAS. Essas empresas prometeram estudar alguns projetos e vão analisar a possibilidade de fazer negócios em meu país construindo estradas, barragens e outras obras de infraestrutura”.

A cooperação prestada pelo Brasil ao Benin abrange também o setor da agricultura e envolve a participação da Embrapa em um projeto voltado para a produção de algodão e em outra iniciativa visando a capacitação de jovens para sua inserção no meio rural, implementado em parceria com a Agência Brasleira de Cooperação (ABC). Há também uma parceria entre os portos de Santos e de Cotonou, de capacitação e troca de expertise.

Há cinco anos no Brasil, o embaixador Monsi aposta no adensamento das relações entre seu país e o Brasil: “o Benin é um país pequeno, com uma economia modesta e o Brasil é uma potência econômica mas ainda assim temos boas oportunidades de negócios e de cooperação a explorar. A China ocupa hoje em Benin espaços que poderiam perfeitamente ser destinados a empresas brasileiras. O futuro de nossas relações bilaterais é bastante promissor e pode ser ainda mais relevante se as sondas da Petrobrás encontrarem petróleo em nosso país”.

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