Preços e demanda baixa reduzem em 2,7% receita com as exportações do agronegócio

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São Paulo – As exportações brasileiras do agronegócio caíram em setembro e no acumulado deste ano. De acordo com dados divulgados quarta-feira (08) pelo Ministério da Agricultura, foram embarcados em setembro US$ 8,29 bilhões em produtos do agronegócio, valor 7,4% inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado. De janeiro a setembro, as vendas somaram US$ 75,9 bilhões, 2,7% a menos do que no mesmo período de 2013.

O professor de Economia Rural da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eugênio Stefanello, disse à ANBA que as principais razões da queda nos valores exportados, com tendência também de redução nos volumes, são a demanda internacional fraca e a diminuição dos preços das principais commodities. Embora a economia dos Estados Unidos esteja se recuperando da crise, outros países que são grandes importadores do agronegócio brasileiro estão crescendo menos. É o caso das nações da União Europeia, da China e do Japão.

“Entre as commodities, os valores ficarão neste ano abaixo do que foi praticado em 2013, e para 2015 essa tendência não muda, porque há expectativa [apenas] de uma pequena recuperação mundial. É possível que as commodities tenham preços equivalentes ou menores e, em função disso, poderemos ter uma situação de exportações maiores em volume e menores em valor”, afirmou o economista.

Segundo dados da Bolsa de Chicago fornecidos pelo economista, o bushel do milho (equivalente a 25,4 quilos) estava cotado a US$ 6,90 em 2012, US$ 5,63 em 2013, US$ 4,67 no primeiro semestre deste ano e entre US$ 3,20 e US$ 4,50 em setembro. O preço do bushel da soja (equivalente a 27,2 quilos) caiu de US$ 14,63 em 2012 para US$ 14,14 no primeiro semestre deste ano e entre US$ 11 e US$ 9,50 em setembro. Não há, segundo Stefanello, previsões de quebra de safra das principais commodities. Ele afirmou que os preços estão caindo justamente porque a oferta está se recuperando.

Oriente Médio

Os países do Oriente Médio também estão comprando menos neste ano em comparação com 2013. Segundo os dados do Ministério da Agricultura, as exportações para o Oriente Médio somaram US$ 5,2 bilhões de janeiro a setembro de 2014, valor 12,2% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Entre os principais compradores da região, as vendas para a Arábia Saudita estão 15,7% menores, e para os Emirados Árabes Unidos a redução é de 8,6%. Já o Egito comprou 5,9% mais do Brasil.

Para Stefanello, estes países estão comprando menos em razão dos conflitos na região, o que os obriga a gastarem mais em áreas que não estavam previstas. Ele observou também que o embargo que a Rússia impôs à compra de produtos dos Estados Unidos, União Europeia, Austrália e Canadá, levou estes fornecedores a buscar outros mercados compradores, entre eles o Oriente Médio, o que aumentou a concorrência para as mercadorias brasileiras. A Rússia deixou de comprar alimentos destas nações em resposta aos embargos que elas impuseram a Moscou por causa ao conflito na Ucrânia.

Outro fator que fez as exportações brasileiras para a Arábia Saudita caírem foi o embargo imposto pelo país à compra de carne bovina brasileira. Os sauditas deixaram de importar o produto desde que o Brasil anunciou, no fim de 2012, que uma vaca do rebanho paranaense portadora do agente causador do “mal da vaca louca” morrera em 2010 sem desenvolver a doença. A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) manteve como “risco insignificante” o status da carne brasileira. O Ministério da Agricultura está negociando o fim do embargo com os sauditas.

Fonte: ANBA

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