Reduzir o bilionário déficit comercial e diversificar a pauta exportadora, os desafios da visita presidencial a Moscou

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Da Redação

Brasília – Em 2021, o Brasil importou 41,6 milhões de toneladas de fertilizantes e 22,4% desse volume veio da Rússia, que faturou US$ 3,53 bilhões dos US$ 15,2 bilhões gastos pelo país na compra desses produtos. As importações de fertilizantes foram o principal responsável pelo déficit de US$ 4,1 bilhões do Brasil no comércio com os russos no ano passado, um dos maiores saldos negativos registrado pelo País em seu comércio exterior.

A forte dependência brasileira dos fertilizantes russos e o interesse em aumentar as exportações, e consequentemente reduzir o saldo negativo bilionário, são temas a serem abordados na visita que o presidente Jair Bolsonaro faz a Moscou, onde desembarcou hoje (15) pela manhã, horário de Brasilia.

Segundo  afirmou o presidente Bolsonaro à CNN Brasil, antes de embarcar para Moscou, ele e o presidente russo, Vladimir Putin, devem ter “uma agenda bem eclética”, na qual serão tratados ”interesses dos dois países: nas áreas de energia, comércio, agronegócio (fertilizantes) e defesa”.

O déficit nas trocas comerciais no ano passado deverá continuar, caso se mantenham ao longo do ano os números registrados no mês de janeiro, quando a balança bilateral proporcionou aos russos um saldo de US$ 297 milhões. O saldo negativo ocorreu apesar de as exportações brasileiras terem crescido em  226% para US$ 232 milhões. As vendas russas  tiveram uma alta inferior, da ordem de 77%, suficiente para assegurar a posição superavitária do país nas trocas com o Brasil.

A exemplo do que vem acontecendo nos últimos anos, os fertilizantes lideraram a pauta exportadora russa, com uma participação de 65% do total embarcado para o Brasil, gerando uma receita de US$ 345 milhões (aumento de 98% comparativamente com janeiro de 2021). O carvão, mesmo em pó, foi outro destaque nas exportações russas, no total de US$ 111 milhões e uma forte alta de 424% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Do lado brasileiro,  os principais produtos exportados foram açucares e melaços (US$ 34 milhões), soja (US$ 28 milhões), café não torrado US$ 21 milhões), carnes de aves (US$ 19 milhões) e máquinas não-elétricas (US$ 18 milhões).

O Brasil tem  grande interesse em acrescentar produtos industrializados, de maior valor agregado, às exportações para a Rússia e o tema será tratado durante a visita, conforme antecipou o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, que acompanha o presidente Bolsonaro na viagem a Moscou.

A questão dos elevados superávits em favor da Rússia é outro tema que será debatido durante a visita. O Brasil sempre foi superavitário na série histórica do intercâmbio com os russos, à exceção do ano 2000, quando as vendas russas superaram as exportações brasileiras em US$ 150 milhões.

De lá para cá, o Brasil conquistou saldos relevantes, o maior deles em 2006, no valor de US$ 2,493 bilhões. Cinco anos depois, em 2011, as exportações brasileiras atingiram a maior cifra da série, com US$ 4, 211 bilhões. Em 2017, aconteceu o último saldo positivo em favor do Brasil, da ordem de US$ 71 milhões.

A partir de 2018, o Brasil acumulou uma série de  sucessivos e elevados déficits nas trocas comerciais com a Rússia, o primeiro deles de US$ 1,718 bilhão, seguido por saldos negativos em 2019 (US$ 2,097 bilhões), 2020 (US 1,219 bilhões), até atingir, no ano passado, o pior resultado da série histórica iniciada em 1997, com um déficit de US$ 4,115 bilhões.

Equilibrar a balança comercial e diversificar a pauta exportadora brasileira, com uma maior participação de bens industrializados é um dos grandes desafios que a missão brasileira terá pela frente na rápida visita a Moscou.

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