Retaliações da China podem atingir empresas do DF

Compartilhe:

 Brasília (Comex-DF) – A China ocupa nos sete primeiros meses de 2009 a sétima posição entre os países que mais exportam para o DF, com vendas no total de US$ 28,3 milhões e, em contrapartida, é o quarto principal país de destino das exportações do DF, tendo importado, nesse mesmo período US$ 4,5 milhões das empresas brasilienses. 

Por esse motivo, o empresariado do DF deve acompanhar atentamente a queda de braço que vem sendo travada pelos governos do Brasil e da China depois que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) anunciou a decisão de taxar as exportações de calçados, pneus e, mais recentemente, de seringas descartáveis vendidos pelos chineses ao mercado nacional sob a acusação da prática de antidumping.
 
A medida anunciada pelo MDIC causou profunda insatisfação junto ao governo da China, mas a reação dos chineses não veio a público através da embaixada em Brasília. Quem condenou fortemente a decisão do governo brasileiro contra os produtos exportados pela China foi o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), Charles Tang. Em sua resposta, Tang foi enfático ao assegurar que a China partirá para o contra-ataque e com certeza também poderá anunciar em breve sanções contra produtos exportados pelo Brasil para a China.
 
Charles Tang considerou “injusta” a decisão brasileira de sobretaxar os produtos chineses sob a justificativa da prática de antidumping (venda de produto por um preço inferior ao custo de produção) e lembrou que “o antidumping seria aplicável se o governo chinês concedesse subsídios para alguns setores exportarem, mas não é o que acontece. Na verdade, os produtos chineses chegam ao Brasil e a todo o mundo por preços altamente competitivos pelo simples fato de que os custos de produção na China são baixos, diferentemente do que acontece no Brasil e em vários outros países”.
 
Retaliação chinesa pode prejudicar o DF
 
Em suas declarações, o presidente da CCIBC criou um motivo de preocupação para as principais empresas do DF que exportam seus produtos para aquele país. E particularmente para a principal delas, a Sadia, que vende frangos e derivados para os chineses e se a previsão feita por Charles Tang no sentido de que a retaliação terá como alvo principal as exportações brasileiras de carnes (bovina e de frangos), a Sadia será fortemente atingida.
 
Na opinião de Charles Tang, o Brasil erra na medida em que prefere a retaliação e a apresentação de queixa formal junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) ao invés de buscar uma solução negociada para os problemas existentes no comércio sino-brasileiro.
 
Por isso mesmo, Tang adverte que o Brasil perde mais que a China ao estabelecer, unilateralmente, barreiras ao comércio. Para reforçar sua tese, Charles Tang lembra que enquanto o Brasil representa apenas 1,3% de todo o volume exportado pela China, as vendas brasileiras para os chineses são responsáveis por 10,5% de todo o volume exportado pelo Brasil.
 
Na opinião de Charles Tang, ao invés de impor pesadas sanções comerciais contra a China, o Brasil teria muito mais a ganhar se procurasse estabelecer uma parceria estratégica com os chineses. Na opinião de Tang, é de se lamentar que o Brasil tenha optado pelo confronto, mas deixou claro que a reação chinesa é questão de tempo e certamente virá no mesmo tom e intensidade.
 
Ele justifica seu raciocínio lembrando que “o Brasil deveria colar na China, principalmente nestes tempos de crise mundial. Não se pode ignorar o fato de que a China é um dos poucos países do mundo com liquidez financeira e o Brasil precisa de atrair investimentos para assegurar seu desenvolvimento, gerar empregos e sair da crise. A China anunciou ultimamente investimentos importantes no Brasil e medidas como essas adotadas recentemente pelo governo brasileiro em nada favorecem a atração do capital chinês para o país”, concluiu o presidente da CCIBC.

Tags: