Rio de Janeiro – Ao anunciar a projeção do maior déficit da balança comercial da manufatura brasileira de todos os tempos, da ordem de US$ 125 bilhões ao fim desse ano, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, abriu essa manhã o 41º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex).
“Temos que deixar de ser um país que tenta exportar tributos agregados aos produtos, para voltar a ser um país que também sabe exportar produtos manufaturados, sem tributos agregados. Um país que é o 12º PIB mundial não pode ser classificado apenas como o 28º maior exportador, mesmo destinando ao exterior gigantescos volumes de commodities”, evidenciou Castro.
Um dos destaques no início do Enaex, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disse que o acordo do Mercosul com a União Europeia deve representar um incremento do PIB brasileiro de US$ 87,5 bilhões em 15 anos e previu investimentos no País no período em torno de US$ 113 bilhões.
“Os esforços de abertura da economia brasileira devem ser realizados de forma simultânea à promoção do desenvolvimento sustentável e do aproveitamento equilibrado do potencial ambiental do Brasil, só assim geraremos prosperidade para milhões de brasileiros”, afirmou.
Os dois blocos econômicos ainda não concluíram as tratativas do acordo. Segundo o chanceler, o ponto pendente mais importante é a finalização de uma lista de empresas de países do Mercosul que poderão continuar a usar termos associados a áreas geográficas da Europa.
Manufaturados
O executivo da AEB defendeu que para exportar produtos manufaturados, incluindo bens de capital de alto valor agregado e serviços de engenharia, é indispensável a existência de uma política oficial de financiamentos à exportação, para proporcionar igualdade de condições de competitividade com os concorrentes internacionais.
Acompanhar as transformações que ocorrem na geopolítica mundial e aproveitar as oportunidades com as novas tendências nas cadeias de produção, é essencial, segundo ele, especialmente no que se refere aos processos de encurtamento de distâncias e de retorno às bases produtivas originais, para consolidar o Brasil como parceiro confiável. Castro disse que a diversidade de insumos disponíveis coloca o Brasil em condições extremamente vantajosas em relação às novas tendências.
“O comércio exterior é a base da tão esperada retomada econômica, inclusive do rendimento real médio do trabalho no Brasil, que está estagnado desde 2013, com perda de 40% do poder de compra”, concluiu o anfitrião do Enaex.
41º Enaex
Com o tema Comércio exterior: base para a retomada econômica, o maior evento do segmento do país segue até o fim da sexta-feira (18), com 11 painéis e mais de 50 palestras e workshops, em formato 100% online pelo YouTube da AEB. A oportunidade de concorrer a vagas exclusivas no mercado de trabalho e ao sorteio de bolsas 100% gratuitas de cursos das instituições Aduaneiras e Câmara AEB de Mediação de Conflitos em Comércio Exterior (CAAEB) são algumas das novidades do evento.
Após o intervalo do almoço, a programação será aberta às 14h com a palestra do presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, banco dos Brics), Marcos Prado Troyjo, que falará sobre o novo capítulo da globalização. Seguem os demais painéis:
14h30
PAINEL 3: A APEXBRASIL AOS 25 ANOS: CONQUISTAS E PERSPECTIVAS
- Augusto Souto Pestana, presidente da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos)
15h
PAINEL 4: CENÁRIOS E PERSPECTIVAS PARA O AGRONEGÓCIO NO MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
- Moderador: Antonio Mello Alvarenga, presidente da SNA (Sociedade Nacional da Agricultura)
- José Eduardo Brandão Costa, diretor da Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados)
- Bartolomeu Braz, vice-presidente da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Soja e Milho)
- Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal)
- José Antonio Serrazine, diretor de operações da Lachmann Agência Marítima
16h30
PAINEL 5: AVANÇOS DO BRASIL NA INSERÇÃO INTERNACIONAL E DESAFIOS PARA O FUTURO
- Lucas Pereira do Couto Ferraz, secretário especial de comércio exterior e assuntos internacionais – SECINT, do Ministério da Economia
- Constanza Negri, gerente de comércio exterior da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
(*) Com informações da AEB