“Tal” país saiu do grupo

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Renan Diez (*)

“Talvez haja apenas um pecado capital: a impaciência. Devido à impaciência, fomos expulsos do paraíso; devido à impaciência, não podemos voltar”. Essa frase de Franz Kafka permite uma valiosa reflexão a respeito desses tempos de pandemia. O mundo globalizado se tornou ainda mais impaciente. A velocidade de informações, ações e transformações incomoda uma estabilidade que pouco resiste diante do novo cenário.

O mundo muda o tempo todo. O mercado que conhecemos hoje, logo, deve amanhecer diferente. No comércio internacional, indicativos de uma reestruturação na forma de comércio entre países começam a ganhar força, principalmente, com o empurrão da pandemia.

Blocos comerciais como Mercosul e União Europeia devem dar espaço a acordos bilaterais entre países, o que para o Brasil, pode significar uma catapulta de oportunidades, caso saiba se beneficiar dessa nova era de acordos, principalmente, se fizer a lição de casa com China e Estados Unidos.

Há tempos que o Brasil precisa se posicionar mais fortemente e ocupar o lugar que lhe compete no comércio internacional. Na prática, temos visto relações comerciais travadas e nenhum tipo de avanço significativo que faça sua participação no Mercosul, de fato, valer a pena. Que pena.

O Brasil pode se tornar o mercado preferido de Estados Unidos e China ao final dessa pandemia, mas isso depende também de uma evolução significativa internamente, como investimentos em logística e um longo caminho a percorrer na busca pela melhoria nas condições de se fazer negócios no Brasil.

A tendência de evasão de algumas empresas multinacionais na China que devem buscar outros países para o desenvolvimento de suas atividades, somente se mostrará benéfica ao Brasil se oferecermos condições que justifiquem tal mudança.

Em janeiro deste ano o Reino Unido deixou a União Europeia. Ainda mais recentemente, a Argentina anunciou que pode deixar de participar das negociações junto ao Mercosul, salvo, com União Europeia e Associação Europeia de Livre Comércio. A paciência é uma virtude, mas não pode ser confundida com acomodação. O Brasil precisa melhorar seu patamar no comércio internacional e, a solução pode estar nos acordos bilaterais, quem sabe, uma luz no fim desse túnel de pandemia.

(*) Renan Rossi Diez. Diretor na Intervip Comércio Exterior. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas; Pós-Graduado em Administração de Empresas e MBA em Gestão de Comércio Exterior e Negócios Internacionais pela IBE-FGV Campinas. Autor do livro Minuto Comex. Contato: renan@portalintervip.com.br

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