Temer deverá visitar a Rússia. Na pauta, ampliação do BRICS e aumento do comércio bilateral

Compartilhe:

Da Redação

Brasília –  O presidente Michel deverá visitar a Rússia ainda neste primeiro semestre, em data a ser definida pelas chancelarias dos dois países. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, apresentou ao chanceler José Serra o convite do presidente Vladimir Putin para o presidente Temer visitar Moscou. Os dois ministros se encontraram em Bonn, durante a reunião do G20 realizada semana passada na antiga capital alemã.  A data da viagem deverá ser anunciada nas próximas semanas.

No encontro em Bonn, Serra e Lavrov começaram a tratar da agenda do encontro entre os presidentes do Brasil e da Rússia. Da parte russa há o interesse em abordar de forma mais detalhada a proposta defendida pelas autoridades em Mocou e apresentada por Lavrov a Serra em Bonn de ampliar os BRICS (bloco formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), constituindo aquele que se chamaria de “BRICS Plus”.

 A Rússia não menciona nomes de países que deseja convidar para fazer parte do bloco ampliado mas a ideia é reforçar o BRICS, um bloco pequeno em termos de número de integrantes, num momento em que o sistema multilateral enfrenta a as novas diretrizes imprimidas pelo presidente Donald Trump à política comercial americana face aos seus parceiros comerciais. O governo brasileiro quer conhecer mais detalhes da proposta antes de se pronuciar formalmente sobre o assunto.

Ao Brasil interessa discutir meios de reativar o comércio com a Rússia, que nos últimos três anos vem registrando quedas sucessivas. As trocas entre os dois países atingiram o nível mais elevado em 2011, quando as exportações brasileiras somaram US$ 4,216 bilhões e as vendas russas ao Brasil totalizaram US$ 2,944 bilhões, totalizando um fluxo de comércio recorde de US$ 7,161 bilhões.

Naquele ano, os governos brasileiro e russo lançaram a meta de elevar o comércio bilateral a um patamar de US$ 10 bihões, jamais atingido. Pelo contrário. Após alcançar a cifra recorde, as trocas bilaterais não pararam de cair e em 2016 somaram US$ 4,321 bilhões, fruto de exportações brasileiras de US$ 2,3 bilhões e embarques russos no valor de US$ 2,021 bilhões. Ano passado, as exportações brasileiras tiveram uma queda de 6,68% e os embarques russos baixaram  9,0%.

Mas os primeiros sinais –ainda não capaz de definir tendência- de reativação do comércio bilateral surgiram no último mês de janeiro, quando  o fluxo de comércio entre o Brasil e a Rússia apresentou números positivos e animadores. As exportações brasileiras saltaram 39,75% para US$ 149 milhões e as vendas russas aumentaram 56,09% e somaram US$ 170 milhões.

Além de aumentar as exportações para a Rússia, o Brasil há muito vem expressando o interesse em diversificar a pauta exportadora para aquele país, fortemente concentrada nos produtos básicos, responsáveis em 2016 por 72,3% de todo o volume exportado para os russos.

Em janeiro, os bens de menor valor agregado tiveram uma participação ainda mais elevada nas vendas totais à Rússia e atingiram o percentual de  79,3%. Os principais produtos exportados foram carne suína (US$ 52 milhões e participação de 39% nas exportações), carne bovina (US$ 32 milhões e 21%), soja (US$ 12 milhões e 8,0%) e café solúvel (US$ 8 milhões, correspondentes a 5,4% do total exportado para a Rússia no primeiro mês deste ano).

Em contrapartida, os produtos semimanufaturados e manufaturados  responderam respectivamente por 38,4% e 51,8% das exportações russas para o Brasil. É impossível mudar a relação dos produtos vendidos pela Rússia para o Brasil, mas o governo brasileiro deverá aproveitar o encontro dos presidentes Temer e Putin para reiterar seu interesse em ampliar as exportações de bens industrializados para o mercado russo.

Tags: